Polícia

Assassinato de membro de facção provoca motim na Penitenciária

Depois do crime cometido por cinco presos, um motim iniciou dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo

A guerrilha interna entre facções criminosas no maior presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), localizada na zona rural de Boa Vista, fez uma nova vítima na manhã desta sexta-feira, 16. Por volta das 8h30, o detento Jairo Júlio de Moraes, vulgo “Cowboy”, foi golpeado com facas artesanais na região do pescoço e morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR).

Depois do crime, um motim foi iniciado pelos presos. O governo diz que os casos são isolados e foram agravantes para o desencadeamento do motim. Segundo agentes carcerários, o presidiário morto pertence a uma das facções menores de dentro da unidade e que estava no “corredor da morte”, jurado por outros grupos de dentro do presídio. Apesar de estar em uma solitária, ele foi morto.

A Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) confirmou que a vítima foi abordada por cinco detentos (Celson Rodrigues Filho, Marcelo da Silva Cruz, vulgo “Sedex”, Renato Saraiva Lemis, Jocivaldo Almeida Pontes, o “Paulista”, e Jorge Nascimento Lopes, o “Papangu”), que seguraram Jairo e desferiram as facadas.

Uma testemunha que fazia cadastramento de presos deu entrevista à imprensa e disse que viu toda a ação que resultou no homicídio, momento em que gritou pedindo socorro, mas somente uma agente penitenciário apareceu.

Depois de ferido, o homem foi encaminhado ao HGR, mas morreu ainda na manhã de ontem. Conforme a polícia, ele é um criminoso de alta periculosidade, acusado de 13 assassinatos e era chefe de ala em que estava na Penitenciária.

Como sofria constantes ameaças de morte, o criminoso estava separado dos outros detentos em uma cela especial, atrás da carceragem do presídio, saindo apenas para o banho de sol, sempre sob vigilância dos agentes penitenciários, no entanto, nesta sexta-feira, saiu desacompanhado e outros elementos cumpriram a jura de matá-lo.

MOTIM – Assim que “Cowboy” recebeu as perfurações, os presos que cumprem pena no regime fechado das Alas 12, 13, 14 e 15 iniciaram um motim, que se intensificou entre as 9h e 11h. Eles quebraram cerca de 200 cadeados e ficaram soltos nas alas, queimaram colchões e usaram fios da rede elétrica para energizar as grades.

Outro motivo pelo qual os presidiários revoltaram-se está relacionado a uma decisão judicial dada ao preso Evaldo Lira, que ficará detido em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

Equipes policiais e grupos especializados da Polícia Militar entraram na Pamc para controlar a ação dos presidiários. Ouviram-se tiros e estouros que se assemelhavam à explosão de bombas.

CRIME ORGANIZADO – As facções criminosas hoje existentes dentro do presídio são: o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN). As duas primeiras são chefiadas por traficantes de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente. Já a FDN tem origem no Estado no Amazonas.  

GOVERNO – A Sejuc esclareceu em nota que, na manhã desta sexta-feira, por volta das 8h30, “dois fatos isolados” acirraram os ânimos dos internos da Pamc.  No primeiro, cinco presos que trabalham na remissão de pena naquela unidade prisional, investiram contra Jairo Júlio de Moraes, o “Cowboy”, e o atingiram na região do pescoço com arma branca artesanal.

O segundo fato decorreu da ordem judicial que determina a prorrogação por mais 30 dias prisão em Regime Disciplinar Diferenciado aplicada a Evaldo Lira. Ao tomar conhecimento de que ele não retornaria à unidade prisional ontem, os demais detentos iniciaram um motim quebrando 200 cadeados das celas e ficaram soltos nas alas 12, 13, 14 e 15, todas do regime fechado.

Informou que todas as unidades da Polícia Militar foram acionadas para o local, bem como o Grupo de Intervenção Tática da Sejuc. A energia foi desligada e os agentes de segurança iniciaram uma operação para controlar a situação, bem como adquirir novos cadeados para substituir os destruídos.

Conforme a nota, os autores do homicídio foram encaminhados para a delegacia onde serão indiciados pelo crime. O secretário adjunto da Sejuc, Major Francisco Castro, que estava no local, informou que a Pamc não apresenta tumulto de maiores proporções. “Toda a situação está sendo acompanhada pelo promotor de justiça, Carlos Paixão, do Ministério Público Estadual (MPRR)”, frisou. (J.B)