Assessor de RR diz como testemunhou explosões em Brasília: 'Não imaginava um atentado'

Rafael Lucena relatou que tinha acabado de entrar na garagem coberta da Casa, quando ouviu a primeira explosão, seguida de várias explosões

Carro que explodiu no estacionamento da Câmara dos Deputados (Fotos: Divulgação)
Carro que explodiu no estacionamento da Câmara dos Deputados (Fotos: Divulgação)

O assessor parlamentar roraimense Rafael Lucena, 40, relatou que, por questão de dois minutos, não esteve bem ao lado do carro que explodiu no estacionamento do anexo IV da Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira (14). Ele relatou que tinha acabado de entrar na garagem coberta da Casa, quando ouviu a primeira explosão, seguida de várias explosões “bem características” de fogos de artifício.

“Tanto que não dei importância. Só quando cheguei na portaria, no acesso dos elevadores, é que vi a agitação e ouvi dos policiais legislativos que havia um carro pegando fogo. Jamais imaginei que fosse algo como um atentado”, disse, destacando que só entendeu a magnitude dos atentados ao saber as notícias pela imprensa.

O assessor parlamentar Rafael Lucena (Foto: Arquivo pessoal)

Assessor parlamentar há 16 anos, Lucena explicou que, por volta das 19h30, o horário em que aconteceu o atentado é o momento em que secretários parlamentares registram o ponto biométrico e aproveitam para buscar algo para comer em lanchonetes na saída da garagem do anexo IV.

“E era exatamente isso que eu estava fazendo. Busquei meu lanche e estava entrando na garagem coberta do Anexo IV, quando ouvi a primeira explosão do carro”, relatou sobre a explosão ocorrida exatamente ao lado da lanchonete onde ele pegou o lanche.

Ainda conforme o assessor, o momento de maior tensão foi receber a informação de que poderia haver novas explosões. “Isso já por volta de 20h30 e, logo em seguida, encerraram a sessão [na Câmara]. A saída em si não foi em pânico, apenas o trânsito que ficou carregado, porque interditaram várias vias. Então, ao invés de facilitar a saída, fizeram foi dificultar. Foi normalizar por volta de 21h40. Eu preferi sair às 22h por conta dessa dificuldade do trânsito”, declarou.

Atentados

Duas explosões aconteceram na Praça dos Três Poderes, a primeira envolvendo um carro estacionado na Câmara dos Deputados e a segunda em frente ao prédio do STF (Supremo Tribunal Federal). A Polícia Federal (PF) e as polícias militar e civil do Distrito Federal investigam o caso.

Um carro com explosivos foi encontrado no estacionamento da Câmara. O proprietário do veículo é Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, encontrado morto próximo à sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

O sargento Santos, da PM do Distrito Federal, informou que o veículo com explosivos no estacionamento da Câmara foi parcialmente destruído por um incêndio, contido por seguranças próximos ao local. Segundo o relato do sargento, os policiais avistaram um homem saindo correndo do carro, mas presumiram que ele estava fugindo do fogo. Na verdade, tratava-se de Francisco Luiz, proprietário do carro e detonador da bomba.

Minutos antes dessa explosão, Francisco Luiz acessou o Anexo IV da Câmara para usar o banheiro. A movimentação avistada pelos policiais e relatada pelo sargento Santos se refere ao trajeto de Francisco Santos até o STF. Ele tentou entrar na sede da Corte, mas foi impedido por seguranças.

Horas antes de morrer, Francisco Luiz, conhecido como “Tiü França”, fez publicações nas redes sociais que indicavam pretensões terroristas, além de criticar os líderes dos Três Poderes. Em 2020, Francisco Luiz foi candidato pelo PL a vereador de Rio do Sul (SC). Recebeu 98 votos e não foi eleito. O PL, na ocasião, ainda não abrigava o ex-presidente Jair Bolsonaro, que chegou à sigla somente no ano seguinte.

*Com informações do Estadão Conteúdo