Polícia

Brasileira e venezuelano são atropelados em Santa Elena

Os dois foram remanejados até o HGR em Boa Vista e estão em quadro estável

Na noite de sexta-feira, 3, duas pessoas ficaram feridas em um acidente na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, fronteira com Pacaraima, região Norte de Roraima. A funcionária pública roraimense Gleidis Souto Moraes, 50, e o venezuelano Alejandro Hidalgo, 42, foram atingidos por um carro que, segundo testemunhas, era dirigido em alta velocidade e sem luz nos faróis por um motorista alcoolizado. O fato ocorreu na região central da cidade.
As vítimas foram socorridas pela equipe de emergências Bolívar 171, equivalente ao Samu naquela região. Em seguida, ambos foram encaminhados para o hospital Rosa Vera Zurita, na entrada sul de Santa Elena, onde receberam atendimento emergencial. A funcionária pública quebrou as duas pernas, sendo a da direita com fratura exposta. O venezuelano, que a acompanhava, teve ruptura muscular no antebraço direito, com lesão nervosa e cortes na perna direita.
O condutor alcoolizado teria sido detido, segundo informações de agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Posteriormente, testemunhas relataram à reportagem da Folha que o motorista já havia sido solto, depois de ter, supostamente, pagado propina para sair da prisão.
Como a unidade de saúde não dispunha de material para realizar cirurgias nem sedativos ou anti-inflamatórios, Gleidis e Alejandro foram levados com gessos e ataduras pela equipe venezuelana na manhã de sábado, 4, até o Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista. Ali, receberam atendimento médico e no momento se encontram na unidade de traumas do HGR.
Em Boa Vista, os familiares da funcionária pública disseram estar aliviados que os dois puderam ser resgatados a tempo, antes de que pudessem ter sofrido algum agravante por falta de assistência. A aposentada Izonete Souto, mãe de Gleidis, agradeceu a prontidão da equipe médica e de socorristas venezuelanos. “Se não fosse por eles, talvez ainda nem soubéssemos que os dois estavam nessa situação. Ainda bem que os trouxeram logo após o incidente”, afirmou a aposentada. Alejandro também será assistido pelos familiares de Gleidis, pois não possui familiares em Boa Vista ou Santa Elena.
EMERGÊNCIAS – O socorrista Javier Jiménez e o técnico Pedro Ortiz, venezuelanos que participaram do atendimento e do translado das vítimas até Boa Vista, explicaram que os acidentes automobilísticos não são exclusivos do Brasil, sendo muito comuns em seu país, ainda mais em períodos de feriados prolongados. “Infelizmente, existem muitos condutores imprudentes. Lembramos aos turistas brasileiros que tomem cuidado e evitem viajar sem planejamento ou algum seguro à Venezuela”, frisou Jiménez.
O número para acionar as unidades de emergência em Estado Bolívar é 911. “Antes o número era 171, mas estamos migrando para o modelo internacional. Até o momento, os dois servem”, observou Ortiz.
GUARDA NACIONAL – Em relação à soltura do motorista alcoolizado, um dono de hotel, testemunha do ocorrido, afirmou que o condutor teria oferecido dinheiro à Guarda Nacional, fato que, conforme disse, é de praxe na região. Sobre a situação, um guarda da GNB alegou que o motorista havia sido solto “pois ninguém, até o momento havia feito nenhuma queixa”.
A família de Gleidis afirmou que irá buscar as entidades responsáveis para prestar queixa sobre o ocorrido. “Não podemos deixar isso passar. Aconteceu com minha filha, mas pode acontecer com qualquer outro turista”, afirmou Izonete. Segundo familiares, hoje, 6, irão buscar um encaminhamento do Consulado da Venezuela em Boa Vista sobre o caso. (J.P.P)