Polícia

Cadáver é encontrado em região de lavrado no Operário

Policiais prenderam mulher suspeita de participação no crime; a vítima teria sido “julgada” por membros de uma organização criminosa

No começo da noite da segunda-feira, dia 10, o corpo da adolescente Kayllany Silva Batista, de 16 anos, foi localizado numa área de lavrado que fica no cruzamento das ruas HC-06 com a avenida dos Trabalhadores, no bairro Operário, zona oeste de Boa Vista. Quem encontrou o cadáver e acionou a Polícia foi um estudante de 20 anos.

De acordo com o rapaz, ele passou o dia inteiro limpando o terreno de sua casa e no começo da noite foi jogar o lixo do outro lado da rua, quando avistou o corpo em avançado estado de decomposição. Assustado, ele chamou a Polícia para que tomasse conhecimento do caso.

Uma guarnição da Polícia Militar foi até o endereço e constatou a veracidade dos fatos. O corpo da adolescente estava vestido com um short, mas os seios estavam à mostra. Da cabeça restou apenas o crânio separado do corpo, de modo que todos os indícios são de que a vítima tenha sido decapitada.

A Perícia Criminal e o Instituto de Medicina Legal (IML) foram acionados. Ao fim do trabalho pericial, o corpo foi removido do local para a sede do IML. Na manhã de ontem, foi submetido aos exames de identificação, mas como o cadáver estava bastante prejudicado, devido ao estado de putrefação e pelo fato da vítima não ter Carteira de Identidade, não foi possível fazer o confronto das impressões digitais coletadas pelo papiloscopista.

A alternativa foi o exame de arcada dentária, realizado pelo odontolegista. A família disponibilizou fotos da vítima sorrindo, para que pudessem ser analisadas.

A Folha conversou com uma tia de Kayllany que disse não restar dúvidas de que o corpo era da sobrinha. O reconhecimento foi feito assim que a jovem entrou na sala onde o cadáver estava. Quando questionada se a garota estava sofrendo ameaças, se tinha envolvimento com o crime organizado ou relacionado com algum indivíduo integrante de facção criminosa, ela disse que não saberia informar.

REGISTRO – Uma irmã da vítima procurou a Central de Flagrantes do 5º DP na noite da segunda-feira, dia 10, para relatar o desaparecimento dela à Polícia Civil. Na ocasião, a comunicante disse que a adolescente sumiu na última quinta-feira, dia 6, depois que uma amiga, chamada “Jéssica”, iria pedir que um amigo fosse buscá-la e depois de sair com o sujeito nunca mais foi vista.

A irmã de Kayllany também contou que ao meio-dia do domingo, dia 9, desconhecidos foram até a casa da família para dizer que a adolescente estava morta e que em dois dias o corpo seria encontrado.

O caso foi encaminhado para a Delegacia-Geral de Homicídios (DGH), para que as investigações sejam iniciadas, com o objetivo de esclarecer o crime. Assim que o IML e o Instituto de Identificação Odílio Cruz (IIOC) concluírem o procedimento legal, o corpo será liberado para a família realizar o sepultamento. (J.B)

PF prende mulher que estaria envolvida na morte de adolescente

Suspeita de envolvimento no homicídio foi presa no bairro Santa Luzia (Foto: Divulgação)

Na manhã de ontem, dia 11, policiais federais em conjunto com agentes da Divisão de Inteligência e Captura da Secretaria de Justiça e Cidadania (Dicap/Sejuc) prenderam uma traficante provavelmente envolvida com o desaparecimento e morte da jovem Kayllany Silva Batista, de 16 anos.

De acordo com a Polícia Federal, a equipe recebeu denúncias acerca de uma mulher que estaria traficando drogas no bairro Santa Luzia, zona oeste de Boa Vista, e usava sua residência como ponto de comercialização dos ilícitos. Os policiais realizaram vigilância e constataram movimento suspeito característico de que o local servia, de fato, para vender entorpecentes.

Com apoio da Dicap, constatou-se que a mulher denunciada seria membro de uma facção criminosa. Durante as diligências e levantamentos de informações, os policiais descobriram que o local possivelmente foi utilizado como cativeiro da adolescente Kayllany Batista, que foi “julgada” por membros da organização criminosa.

As equipes realizaram abordagem, encontrando, além de drogas, medicamentos utilizados na adulteração de entorpecentes, diversos documentos e anotações relativas à facção. Dentre as anotações, havia registros do que teria sido um “julgamento” de Kayllany Silva Batista.

No momento da prisão, os policiais encontraram arquivos de mídia no celular da suspeita, como filmagens que seriam de Kayllany, nas quais aparece com cabelos raspados e sinais de agressão física e tortura. Um dos vídeos aos quais a reportagem teve acesso mostra um indivíduo dando tapas no rosto da vítima e perguntado se ela ainda iria mapeá-los.

Outro fato curioso e preocupante é que PF descobriu que a traficante estaria envolvida com o levantamento de endereços de policiais e agentes penitenciários para o planejamento de assassinatos. Ela foi autuada em flagrante, levada ao Instituto de Medicina Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito e, em seguida, foi conduzida à Cadeia Pública Feminina. (J.B)