A Câmara Municipal de Caracaraí avalia cassar o mandato do vereador Valdemar Ferreira Lima Neto, o Pé no Chão, por quebra de decoro parlamentar após o parlamentar ser filmado agredindo uma mulher em um bar da cidade do Sul de Roraima. Ele está foragido desde sábado (23).
Nessa segunda-feira (25), a vereadora Professora Kelly, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa da Mulher da Casa, leu relatório do colegiado em que pede o afastamento imediato do colega, seguida de afastamento por 90 dias em processo que, embora possa levar à cassação do suspeito, ele poderá se defender das acusações.
“Peço que a população de Caracaraí saiba que eu não sou conivente com o que está acontecendo, isso está me doendo demais, está me ferindo, porque poderia ser comigo, com qualquer outra mulher do nosso Município, Estado e Brasil”, discursou a única parlamentar da Casa.
O relatório deve ser votado na próxima sessão, na segunda-feira (1º), e caso a maioria absoluta do plenário o aprove, o suplente Raildo do Gelão será convocado, mas sem poder intervir em qualquer decisão do substituto.
A Casa já teria maioria para afastar Pé no Chão, uma vez que seis dos 11 vereadores disseram publicamente ser favoráveis à decisão: Professora Kelly, Santos Júnior, Victor da Vip Celular, Ismael Belô, Edinardo da Distribuidora e Junior Paraíba.
“Todos os vereadores não querem deixar impune essa situação, até porque ele já é reincidente de vários fatos. Sempre a Câmara Municipal chega na mídia de forma negativa. E isso é uma macula que traz para o Legislativo”, avaliou o vice-presidente da Casa, Santos Júnior.
Repercussão
A agressão de Pé no Chão repercutiu no mundo político e foi repudiada até pelo próprio partido, o PSD, e de políticas mulheres, como a prefeita de Caracaraí, Diane Coelho, e as deputadas estaduais Catarina Guerra e Joilma Teodora.
Pé no Chão está no terceiro mandato de vereador de Caracaraí, já presidiu a Câmara Municipal e tem carreira política marcada por outro caso de violência contra mulher. Em 2015, ele foi preso acusado de espancar a esposa. Na época, seu partido, o PSDC (hoje Democracia Cristã), chegou a ameaçá-lo de expulsão. No entanto, acabou solto e concorreu ao cargo pela mesma sigla no ano seguinte, mas não conseguiu se reeleger. Em 2020, pelo PSD, foi o quarto parlamentar mais votado, ao receber 352 votos.