Nos primeiros 40 dias deste ano foram encontrados cinco corpos desovados em Roraima, todos com sinais de execução e com requintes de crueldade, já que estavam com pés e mãos amarrados. Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Januário Lacerda, a Delegacia-Geral de Homicídios da Polícia Civil está investigando os casos desde o primeiro corpo encontrado, mas até agora os casos são um mistério.
“A delegada titular Miriam Di Manso já tem uma linha de investigação e, aparentemente, há uma correlação entre alguns desses crimes. Mas há outra linha para verificar: se não se trata apenas de uma tentativa de encobertar para não se chegar ao criminoso ou ao grupo criminoso. Então, poderia ser criada essa cena de crueldade para dificultar o trabalho da polícia”, disse ao frisar que a polícia trabalha ainda com outras linhas de investigação, pois duas das cinco vítimas tinham envolvimento com drogas.
Ele não acredita na ação de um serial killer (assassino em série), como já vem sendo alarmando nas redes sociais. “Isso pode ser descartado, até porque duas vítimas apresentaram registros com drogas e, por enquanto, as outras não apresentaram essa ligação, a não ser que as investigações nos levem para isso”, disse. “Mas, pelo menos essa última vítima [o vigilante Joelison das Chagas], não apresenta histórico que seja de conhecimento familiar, e nem da polícia, com envolvimento com drogas. Mas o ‘modus operandi’ [modo de operar] aparentemente seria o mesmo dos outros crimes. De modo que não podemos descartar nenhuma hipótese, já que, quando se descarta uma, se elimina um viés que pode trazer à elucidação do fato”, frisou.
Ele ressaltou que a delegada Miriam Di Manso está se reservando a não dar entrevistas para não surgirem especulações sobre os casos. “Mas, como secretário de Segurança, posso dar essa satisfação à sociedade e dizer que a polícia está trabalhando no caso e ainda poder passar as informações que são possíveis, neste momento, para que não prejudique as investigações. A polícia de Roraima é a que apresenta a melhor resposta de elucidação de crimes do Brasil, com 60% dos casos esclarecidos e o criminoso preso. No Brasil, a grande maioria dos estados não ultrapassa os 40%”, frisou.
CRIMES – O primeiro corpo foi encontrado por pescadores no dia 8 de janeiro, na praia da Polar, no bairro Paraviana, zona Norte. Quatro dias depois, outro corpo, o de uma mulher, foi encontrado boiando no igarapé Caxangá, no bairro São Vicente, zona Sul da Capital.
No dia 20 de janeiro, apareceu um corpo boiando no Rio Branco, com as mãos amarradas, na região da Serra Grande, no Município do Cantá, a 30 quilômetros da Capital pela BR-401, região Centro-Leste do Estado.
No dia 26 do mesmo mês, outro corpo com sinais de execução foi encontrado por ribeirinhos de Caracaraí, a 155 quilômetros da Capital pela BR-174, Centro-Sul. A vítima, uma mulher que morava em Boa Vista, foi escalpelada antes de ser morta e estava com uma corda no pescoço.
O último corpo foi encontrado na tarde de quarta-feira, dia 11, numa trilha ao lado esquerdo da ponte do rio Cauamé, zona Norte da Capital. A vítima estava só de cueca, com os pés e mãos amarrados com fita gomada e um fio no pescoço.
DISQUE DENÚNCIA – O secretário de Segurança Pública, Januário Lacerda, disse que a população pode colaborar com as investigações ligando para o Disque Denúncia 181, repassando informações de atitudes suspeitas de alguns indivíduos ou grupo. A ligação é anônima e a pessoa não precisa se identificar.
Polícia
Casos de crimes com sinais de execução continuam um mistério para a polícia
Apesar do alarme que vem sendo feito nas redes sociais, secretário de Segurança descarta ação de um serial killer