Após uma série de investigações e diligências ininterruptas, realizadas por agentes de Polícia da DGH (Delegacia Geral de Homicídio), cinco suspeitos de matar o taxista Flávio Davi de Andrade Leal, de 26 anos, foram conduzidos à Delegacia para esclarecimentos. No total foram dois adultos presos e três adolescentes apreendidos. As prisões e apreensões ocorreram na segunda-feira, dia 29, e ontem, dia 30.
Dentre os suspeitos havia um casal que foi apontado como autores do planejamento e execução do crime. O motivo do homicídio, segundo os cinco conduzidos, seria por conta de rivalidades entre facções criminosas.
A Polícia Civil destacou que o primeiro a ser preso foi T. da S., de 21 anos, e em seguida foi apreendida a namorada do suspeito, uma adolescente de 13 anos. As diligências se estenderam para essa terça-feira e as equipes prenderam mais um adulto, T.F. de M., e apreenderam dois adolescentes de 16 anos. Um dos menores é irmão da adolescente de 13 anos.
De acordo com a delegada Jaira Farias, designada para realizar as diligências, o crime ocorreu na quarta-feira, dia 24 de abril, à noite, na mesma data em que o taxista foi dado como desaparecido. Após o desaparecimento do taxista, buscas foram realizadas, na intenção de localizá-lo com vida, mas após seu carro ter sido encontrado abandonado na Praça do bairro Cidade Satélite, no último dia 25, as suspeitas de que a vítima poderia ter sido morta tornaram-se mais contundentes.
Dia 26, pela manhã, foi localizado um corpo decapitado dentro de um balneário conhecido como Cachoeirinha, nas imediações do Cidade Satélite. Amigos e familiares afirmam que o cadáver é do taxista. A cabeça foi encontrada a quatro metros do corpo.
Na manhã de ontem, a esposa de Flávio foi ao Instituto de Medicina Legal (IML), para obter informações sobre a liberação do cadáver. O corpo ainda não foi liberado para sepultamento, uma vez que perícias estão sendo realizadas para formalizar a identificação.
CRIME PREMEDITADO – De acordo com a delegada Jaira Farias, as investigações apontam que T.da S., que afirma ser namorado da garota de 13 anos, e os demais suspeitos solicitaram a corrida de Flávio. Eles já estavam intencionados em cometer o crime, pois acreditavam que a vítima teria ligação com uma facção criminosa rival.
“Nossas investigações apontam que os quatro pegaram o táxi do Flávio, na quarta-feira à noite, já na intenção de matar, de forma premeditada. A adolescente foi quem telefonou para a cooperativa que o taxista fazia parte e pediu o número do telefone dele. Depois, a própria adolescente fez o contato para pedir a corrida de Flávio. Eles praticaram o crime, supostamente pelo fato de Flávio ter ligação com uma facção criminosa rival. Ao entrar no taxi, os quatro já atacaram a vítima, deixando-a desacordada, amarrando-a e seguindo para região do banho do “Cachoeirinha”, onde o torturam e o decapitaram”, detalhou a delegada.
Após o crime, os envolvidos fugiram no carro da vítima e praticaram três roubos na cidade, abandonando em seguida. “Desde o desaparecimento dele até a localização do corpo, as diligências foram ininterruptas. Essas investigações foram primordiais para a identificação, a localização e prisão dos envolvidos no crime”, disse a delegada.
Além de ser enquadrado por homicídio qualificado, por ter planejado a emboscada, matado e decapitado a vítima, T. da S. também foi autuado pelo crime de estupro de vulnerável, por ter relação com a jovem de 13 anos. Ele foi encaminhado para audiência de custódia, realizada na manhã de ontem, dia 30.
Contra a adolescente foi lavrado um AAFAI (Auto de Apreensão em Flagrante de Ato Infracional), pelo envolvimento no homicídio. Em seguida, ela foi encaminhada ao Centro Socioeducativo Homero de Souza Cruz Filho (CSE), na zona Rural de Boa Vista.
Os procedimentos de lavratura de flagrante ainda estavam sendo elaborados pela Polícia Civil na noite de ontem. O outro adulto deve ser encaminhado para audiência de custódia. Ele confessou que estava apenas dirigindo e que naquela noite todos os envolvidos beberam e usaram drogas, mas negou que o crime tivesse uma motivação. Os dois adolescentes devem ser também levados para o CSE.
A família de Flávio conversou com a reportagem da Folha no dia em que o corpo foi encontrado e, na ocasião, disse que não acredita na hipótese de ele ser membro de facção, inclusive frisou que ele era trabalhador e tinha planos de fazer o aniversário de um ano do filho. (J.B)