O corpo do geólogo Rafael Oliveira, 35, foi localizado por volta das 14h de ontem boiando nas águas do Rio Branco, a dois quilômetros de onde havia desaparecido na noite de quarta-feira. As buscas terminaram 19 horas depois e foram realizadas por, pelo menos, três equipes da Companhia de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros.
Professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e diretor da Fundação Ajuri, Rafael de Oliveira tinha ido dar um passeio de lancha com a esposa, a jornalista Marleide Cavalcante, quando desapareceu nas águas do rio Branco. O local onde ocorreu o afogamento é conhecido por “Prainha”, que é um grande banco de areia onde se formou uma pequena ilhota, próximo a uma balsa encalhada, localizada no meio do rio Branco.
Segundo o subtenente do Corpo dos Bombeiros Luismar Araújo, a forte correnteza, as pedras e as galhadas dificultaram bastante o trabalho das equipes, compostas por mergulhadores e pessoal de apoio, que fizeram a varredura dentro do rio, chamada de busca de profundidade, e na superfície. Eles trabalharam até o corpo ser localizado. Os grandes obstáculos, segundo ele, foram a largura do rio e a correnteza, que toma vários cursos diferentes.
Foi justamente essa mudança de curso provocada pela correnteza que atrapalhou ainda mais os serviços. Segundo um sargento que participou do resgate, comandado pelo tenente-coronel Alonso, o corpo estava na margem oposta do rio, ou seja, do lado direito de quem sobe.
Como a concentração de amigos e alunos era grande, que aguardavam alguma notícia no porto do Iate Clube de Boa Vista, o comunicado oficial só foi dado às 15h. Enquanto isso, o corpo já havia sido levado para debaixo da plataforma da Orla Taumanan. De lá, foi removido ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi submetido a exame e liberado para a família.
O velório ocorre desde ontem no Centro Amazônico de Fronteiras (CAF), na UFRR, e o sepultamento deve ocorrer somente no sábado, com a chegada dos familiares dele do Rio de Janeiro (RJ).
O CASO – Em entrevista à Folha, Marleide explicou que eles resolveram dar um volta na lancha e apreciar o pôr do sol. “Levamos sorvete e lá ficamos. Estava tudo aparentemente tranquilo. Resolvemos ir embora e ele desceu da lancha para empurrá-la [a água estava na altura da canela] e para, enfim, darmos a partida. Ele subiu, mas, não satisfeito, resolveu empurrar uma segunda vez. Ao voltar, a água já alcançava a altura do peito, ele deu uns passos para trás, mas foi sugado, ou pela areia ou pela água. Tentei ajudá-lo, joguei uma corda, mas não consegui”, lamentou.
Ainda segundo Marleide, apesar de o casal não saber nadar, eles não estavam usando os coletes salva-vidas, equipamento obrigatório em transportes aquáticos. O par de coletes estava dentro da embarcação.
Marleide por pouco não foi sugada pela água ao tentar ajudar o marido. Ela foi salva por pescadores e juntos fizeram o comunicado ao 193. Quatro homens deram início às buscas. Como já era noite, o mergulho não foi possível. Mesmo assim, foi feito um arrastão com malhador, mas nada foi localizado além de galhadas.
As equipes trabalharam durante toda a madrugada. Pela manhã, houve troca e outras duas equipes assumiram as buscas, aumentando o contingente para sete homens, divididos em dois barcos; dois deles, mergulhadores.
Ainda ontem pela manhã, Marleide, utilizando a mesma lancha em que estava com o marido, com a ajuda de amigos, também percorreu o trajeto do rio, mas em vão.
HISTÓRICO – Rafael Oliveira, diretor executivo da Fundação Ajuri da UFRR, era professor, doutor do curso de Geografia da UFRR e assumiu a entidade no ano passado. Natural do Rio de Janeiro (RJ), veio para o Norte em busca de um emprego seguro por meio de concurso público.
Dentre os projetos encabeçados por ele na Fundação Ajuri, um dos mais importantes é voltado para novos espaços de entretenimento, em especial a música, e aos artistas regionais, intitulado SongBook.
Devido ao empenho do professor, a Ajuri se tornou responsável por eventos culturais, valorizando o intercâmbio cultural do campus universitário com a comunidade.
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