Por volta das 8h de sexta-feira, 26, o corpo do taxista Flávio Davi Andrade Leal, de 26 anos, foi encontrado dentro de um balneário conhecido como “Cachoeirinha”, nas imediações do bairro Cidade Satélite. O cadáver estava sem cabeça e boiava quando foi encontrado por familiares e taxistas.
De acordo com as informações do presidente do Sindicato dos Taxistas, Marino Jorge, a vítima foi vista pela última vez por volta das 21h de quarta-feira, 24, em frente à Rodoviária de Boa Vista.
“Às 3h, foi visto o carro dele sendo abastecido num posto de gasolina em frente à Feira do Passarão. Às 4h30, foi visto por trás da feira um rapaz com um boné preto e vermelho, dirigindo. Então, ninguém viu mais. Quando foi às 15h, ainda não tinha chegado em casa e nós tomamos conhecimento, saímos à procura, registramos um boletim de ocorrência para a polícia tomar as providências”, destacou.
O presidente do sindicato ainda reforçou que durante toda a noite de quinta-feira, 25, os colegas de profissão uniram-se para ir atrás do jovem e, nas buscas, encontraram seu carro, modelo Chevrolet Classic, em parceria com a Guarda Civil Municipal. O veículo foi estacionado na praça do bairro Cidade Satélite e foi achado por volta das 18h30. Apesar das buscas intensas, o corpo não foi encontrado naquela noite.
Pele, cabelo e marcas de sangue foram encontrados no para-choque dianteiro do veículo da vítima e a perícia realizou um procedimento para coletar todo o material que pudesse auxiliar na identificação dos criminosos. O carro foi guinchado e levado para a Central de Flagrantes do 5o DP.
DECAPITADO – Na manhã dessa sexta-feira, as buscas recomeçaram e tanto a família quanto os taxistas encontraram o corpo sem cabeça, localizada pouco tempo depois dentro d’água, a quatro metros de distância do cadáver.
“Nós encontramos areia dentro do carro e suspeitamos que poderia ser daqui e, por isso viemos fazer as buscas bem cedo. 7h já estávamos aqui e quando encontramos, chamamos a polícia. Nesse período em que estava desaparecido, o telefone dele só dava fora de área. A partir da hora que não chegou em casa, a família ligou e deu fora de área”, contou Marino Jorge.
O presidente dos taxistas ressaltou que conheceu o jovem desde que chegou a Roraima e que faria três anos de profissão.
“Era tranquilo, só trabalhava à noite e de dois a três anos no meio da categoria deu para perceber que era um rapaz responsável. Ele veio do Ceará. Para nós, se trata de um assalto. Ele não era de bagunça, não era de beber. Era trabalhador e tem um filho e estava se esforçando para juntar dinheiro e fazer aniversário de um ano do filho”, concluiu.
SEM MOTIVAÇÃO – Um parente disse que Flávio era trabalhador e teve os sonhos interrompidos pela tragédia.
“Normalmente, saía para trabalhar, como todas as noites, e não retornou pela manhã, o que foi estranho para a família e começamos a fazer buscas e encontramos o corpo. É muito triste, é revoltante ver um pai de família, trabalhador, morrer desse jeito. Chega de bandidagem, a gente tem que acabar com isso. A Justiça não faz nada e temos que fazer justiça com as próprias mãos. Tem que ser feita alguma coisa. Isso não pode ficar assim. A morte dele não pode ficar em vão. Ele era muito brincalhão”, completou, bastante comovido.
Um dos policiais que atendeu a ocorrência conversou com a reportagem da Folha.
“Fomos acionados por meio de uma ligação anônima, de que teria um corpo no banho Cachoeirinha, Cidade Satélite e fizemos o deslocamento. Chegando aqui, encontramos familiares da vítima, constatamos que havia o corpo, fizemos isolamento, acionamos perícia e equipe do Corpo de Bombeiros para buscar a cabeça que possivelmente estaria dentro d’água. É um crime com requintes de crueldade”, explicou o policial militar.
SUSPEITOS – Câmeras de segurança de uma residência que fica nas proximidades da praça do bairro Cidade Satélite flagraram o momento em que dois homens e uma mulher chegam no carro, estacionam, saem caminhando, sentam num banco por algum tempo e depois vão embora, tomando rumo ignorado.
A principal hipótese é de que o crime tenha sido um latrocínio (roubo seguido de morte). O corpo e a cabeça foram levados para a sede do Instituto de Medicina Legal para serem submetidos a uma série de exames antes de liberados para a família realizar o funeral e sepultamento. O caso está sob investigação da Delegacia Geral de Homicídios (DGH).