Polícia

Crimes avançam na fronteira e provocam onda de protesto

Mãe e filho vítimas de assalto na Venezuela estão na UTI do HGR

Na manhã de segunda-feira, 05, quatro homens entraram no ponto comercial, onde também fica a casa da família síria Shamsaldeen, em Santa Elena de Uairén, na Venezuela, fronteira com o Brasil. A intenção do bando era roubar, mas o pai da família reagiu e, no fogo cruzado, os bandidos atiraram contra a esposa e os dois filhos, um deles Odai Shamsaldeen, de 18 anos, que morreu na hora.

A mãe, Amira Shamsaldeen, de 53 anos, e o filho adolescente que sobreviveu, que não teve o nome divulgado, estão internados em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR), tendo em vista que a Capital de Roraima seria o ponto mais próximo para um atendimento de urgência e emergência.

O comerciante atingiu um dos criminosos, que também morreu no local. Os outros três fugiram. Especulações sobre a ocorrência dão conta de que ao menos dois dos assaltantes envolvidos no caso são da polícia venezuelana.

PROTESTO – Na tarde de ontem, 06, após o sepultamento do jovem, moradores de Santa Elena foram às ruas para protestar contra a insegurança na fronteira, inclusive incendiaram pneus em frente à sede da Polícia de Bolívar. De acordo com as informações de uma fonte da Folha, a rodovia que dá acesso a Porto Ordaz foi fechada.

Uma professora da Escola Cícero Vieira Neto, no Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, ao Norte do Estado, cerca de 220 quilômetros de Boa Vista, lamentou o episódio que resultou na morte do estudante. “A família saiu do Oriente Médio para procurar abrigo na Venezuela por causa da guerra incessante. Os filhos vieram para nossa escola estudar sem falar uma única palavra em língua portuguesa. Odai foi meu aluno, estudou o artigo 5º da Constituição Federal de ponta a ponta junto comigo. Fui rígida no ensino de minha disciplina, de ciência e tecnologia. Foi dedicado na medida do possível. Quinta-feira, dia 1º, havia falado com ele, dizendo que estava sentido sua falta e ele me disse que estava estudando para valer. Eu dei a ele os parabéns por isso e hoje recebo a notícia de que ele foi assassinado”, lamentou Dinna Santos.

Nas redes sociais, a professora também explicou que a escola decidiu não realizar o tradicional Desfile de 7 de Setembro, hoje, por estar em luto. “Como há muitos alunos perguntando se dia 7 de setembro, Dia da Pátria, haverá desfile cívico, a gestora da escola, juntamente com os professores e coordenadores, decidiram que não desfilaremos em respeito e solidariedade à família de Odai Shamsaldeen, aluno da escola. Portanto, apenas a fanfarra da escola fará uma homenagem ‘in memoriam’ ao saudoso aluno”, diz a postagem.

A Folha entrou em contato com a administração estadual para saber o estado de saúde das vítimas, que estão na UTI, mas, até o fechamento desta matéria, no início da noite, não houve retorno. (J.B)