Criminalidade e sujeira no Centro de Boa Vista preocupam moradores

Em uma das regiões mais antigas de Boa Vista, hoje Centro de Boa Vista é conhecido pela criminalidade e intenso tráfico de drogas. O local fica próximo de um dos principais pontos turísticos da Capital.

No mês de maio, a Rua Cecília Brasil com Avenida Sebastião Diniz, foi cenário de homicídios, o que desencadeou operações da Polícia Civil e Militar.

Cansados da situação, moradores da região entraram em contato com a Folha BV para denunciar a criminalidade e o lixo deixado na rua pelos usuários de drogas, que vivem no local. 

De acordo com uma moradora, durante a noite e madrugada os dependentes químicos reviram as lixeiras e jogam o lixo no chão, o que atrai ratos e pombos.

“Além da venda de drogas, aqui tem muitas brigas e algazarras. Com as mortes dos últimos dias, temos muito medo de levar uma bala perdida. Fora toda essa violência, tem a questão da sujeira que fica pela manhã. Todo esse lixo atrai vários animais para as nossas casas”, desabafou.

A reportagem procurou a Prefeitura de Boa Vista, Polícia Civil e Militar para saber quais medidas estão sendo feitas para solucionar a situação, tendo em vista que as autoridades tem conhecimento da problemática da região. 

Para a Prefeitura fizemos os seguintes questionamentos: Quando o antigo bairro Caetano Filho, conhecido como Beiral, foi extinto para construção do Parque do Rio Branco, a Prefeitura realizou algum estudo ou trabalho para retirar os usuários de drogas da região?

Se sim, que trabalho foi esse? Tendo em vista que no antigo Beiral foi construído um dos principais pontos turísticos de Boa Vista e sendo uma das áreas mais perigosas.

A Prefeitura possui algum projeto voltado para os usuários de drogas da região?

Em relação a coleta de lixo, quais dias e horários o caminhão de lixo passa na região?

Por meio de nota, o órgão respondeu:

Para que o projeto de revitalização da área de interesse social Caetano Filho (conhecida como Beiral), que hoje é o Parque do Rio Branco, tivesse início em 2017, a Prefeitura de Boa Vista iniciou o processo de desocupação do Caetano Filho por meio de negociação com os proprietários das casas, de forma justa e pagando as devidas indenizações.

A Secretaria Municipal de Gestão Social (SEMGES) desenvolve um serviço de abordagem social e de apoio ao dependente químico, por meio do Centro de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS).

Desde 2021, o CREAS desenvolve a Ação Caetano Filho, promovendo abordagem social e buscas ativas na área central da cidade, com foco também na avenida Sebastião Diniz com a rua Cecília Brasil. São feitos acolhimentos com escuta qualificada e intervenções de orientação dos serviços ofertados pelo CREAS, além de sensibilização e possíveis encaminhamentos à rede básica de saúde, proteção social e casas terapêuticas.

A ação oferta ainda a entrega de kits de higiene e serviço de cortes de cabelo e entrega de lanches ao público-alvo. Até abril de 2023 foram feitos mais de 1 mil atendimentos às pessoas em situação de dependência química no entorno da área central do município, antes intitulada como Beiral, antiga região do Caetano Filho.

No ano de 2020, a Prefeitura de Boa Vista lançou edital de credenciamento contemplando a contratação de serviços especializados de acolhimento de pessoas decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas, em regime residencial transitório e de caráter exclusivamente voluntário. Hoje temos 4 casas terapêuticas credenciadas, para atender ao público de dependentes químicos que deseja sair dessa condição.

Da data de abertura do credenciamento, à maio de 2023, o CREAS fez 489 encaminhamentos para as casas terapêuticas conveniadas.

CREAS – O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) é uma unidade pública da política de Assistência Social onde são atendidas famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados.

SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social) – Serviço ofertado, de forma continuada e programada, com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras.

CADQ (Coordenação de Apoio ao Dependente Químico) – Equipe técnica especializada em dependência química de álcool e outras drogas. O acompanhamento é feito tanto a indivíduos como para suas famílias por meio do apoio técnico de Educadores Sociais, Assistentes Sociais, Psicólogos.

Sobre a coleta de lixo, a Secretaria de Serviços Públicos informa que segue ocorrendo normalmente. A coleta no bairro Calungá é feita toda terça, quinta e sábado, entre 18h30 e 3h.

Já para as Forças de Segurança, foi questionado o por que a região continua com um intenso tráfico de drogas e criminalidade?

Quais medidas são realizadas para conter a criminalidade na região?

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que tem empenhado esforços significativos para combater o tráfico de drogas e reduzir a criminalidade na região.

Ressalta ainda que mantém um policiamento ostensivo e constante no Centro de Boa Vista, com patrulhamento 24 horas por dia. Realiza abordagens policiais, verificando a existência de passagens criminais, mandados de prisão ou posse de substâncias ilegais das pessoas que circulam na região.

É importante mencionar que nem todos os indivíduos abordados apresentam pendências judiciais, o que impede sua detenção e resulta na permanência no local, sendo este um desafio complexo que envolve questões sociais.

E Operações específicas, como a Operação “Por Vocês” e a Operação “Otium”, têm sido realizadas com o objetivo de coibir atividades ilícitas e promover a segurança dos cidadãos na área que abrange as duas ruas especificadas e toda a área leste da cidade.

A Polícia Militar reitera o compromisso em garantir a segurança dos moradores e a melhoria da qualidade de vida na região. E tem feito diálogo constate com os moradores e comerciantes da região, ouvindo suas demandas e buscando soluções efetivas. E pede moradores que continuem denunciando qualquer atividade suspeita à Polícia Militar, a fim de fortalecer os esforços conjuntos contra a criminalidade.

A sociedade pode contribuir com as ações da Polícia Militar, sem precisar se identificar, por meio do número de emergência 190 ou pelo aplicativo Polícia na Rua, disponível para download.