Delegada é afastada por deixar parados mais de 380 processos em Caracaraí

A reportagem entrou em contato com a delegada Rozane Widmar, que informou que não tem conhecimento da medida e que não há nenhum procedimento aberto para gerar afastamento

Delegacia de Caracaraí (Foto: reprodução)
Delegacia de Caracaraí (Foto: reprodução)

A Vara Criminal de Caracaraí determinou o afastamento da delegada Rozane Maria Widmar de suas funções na delegacia local, atendendo a um pedido cautelar do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR). A medida foi tomada na última sexta-feira (12), devido ao descumprimento reiterado de deveres funcionais, que incluem a paralisação de mais de 380 procedimentos investigativos desde o ano de 2020.

A decisão judicial destacou que o afastamento se fez necessário devido ao “justo receio de utilização do cargo para a prática de novos crimes contra a Administração Pública”. Segundo a magistrada responsável pela decisão, a delegada Rozane Widmar foi acusada de prevaricação e recusa, retardamento e omissão de dados técnicos essenciais para a propositura de Ações Civis Públicas pelo Ministério Público.

A Promotoria de Justiça de Caracaraí enfatizou que, entre os anos de 2022 e 2024, a conduta da delegada contribuiu para a paralisação generalizada das investigações na comarca. Isso resultou em um aumento da sensação de insegurança e da criminalidade na região, especialmente em casos de crimes graves como homicídios, estupros e tráfico de drogas.

O Ministério Público ressaltou que a falta de diligências conclusivas e a não solicitação tempestiva de prorrogação de prazos legais comprometeram severamente a eficiência do sistema de justiça penal local. Além disso, diversas solicitações e ofícios enviados pela promotoria à delegada não foram respondidos, e réus acusados de crimes graves acabaram sendo soltos devido à não conclusão dos procedimentos investigativos no prazo legal.

Caso seja condenada, Rozane Widmar enfrentará penas que somam até 18 anos de prisão, além do pagamento de multa, por infrações cometidas no exercício de suas funções públicas.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com a delegada Rozane Widmar, que informou que não tem conhecimento da medida e que não há nenhum procedimento aberto para gerar afastamento.

Já a Polícia Civil de Roraima nos enviou a seguinte nota:

“A Polícia Civil de Roraima informa que na tarde de ontem, 15, a Delegacia-Geral recebeu um ofício do Fórum da Comarca de Caracaraí comunicando a decisão da juíza de Direito Noêmia Cardoso Leite de Sousa, que suspendeu o exercício das funções inerentes ao cargo público da delegada de Polícia Civil R.M.W.

Em cumprimento à determinação judicial, a Delegacia-Geral, através da Portaria nº 843 da Polícia Civil, determinou nesta terça-feira, 16, a suspensão do exercício das funções e suspendeu o porte de arma de fogo da delegada.

A ação penal que resultou na suspensão originou-se de uma investigação conduzida pelo promotor de Justiça Valcio Luiz Ferri, titular da Promotoria de Caracaraí.

A Delegacia-Geral encaminhou cópia da ação penal ao Corregedor-Geral de Polícia Civil para instauração do devido Processo Administrativo Disciplinar em desfavor da servidora”.