Polícia

Depois de abordagem policial jovem entra em coma no HGR

Compareceu à Central de Flagrantes do 5o Distrito Policial de Boa Vista, às 21h52 de terça-feira, a guarnição da Polícia Militar para fazer a apresentação do Registro de Ocorrência Policial (ROP) relatando que, após ter sido desacatada por Ruidglan de Souza Costa, de 21 anos, teve que fazer “uso de técnicas policiais de imobilização”, que teriam resultado em crises de convulsão do jovem, que teve complicações e se encontra em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR). Mas os familiares contam outra versão e cobram um posicionamento da Justiça. O Governo do Estado comunicou que o caso será apurado pelo Comando Geral da PM.

Conforme a ocorrência, em patrulhamento de rotina, passando pela Rua das Acácias, no bairro Pricumã, os policiais informaram que três elementos em atitudes suspeitas estavam num local conhecido pela vizinhança como ponto de tráfico e de consumo de entorpecentes, onde residem moradores de um projeto social de reabilitação.

Os PMs contaram que, feita a abordagem, Ruidglan desacatou um deles com gestos obscenos e palavras de baixo calão, quando deram voz de prisão em flagrante. Desobedecendo a ordem dada pelo comandante da guarnição, o agressor foi imobilizado para conter a resistência e a desobediência, sem que o uso de força fosse excedido. “Foi quando Ruidglan, já no chão, começou a apresentar sinais de convulsão”, diz o relatório policial.

Os policiais acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros, mas antes os próprios PM’s iniciaram os primeiros-socorros para resguardar a integridade física do agressor, até a chegada do Samu, que demorou cerca de uma hora e meia, segundo o Boletim de Ocorrência, após vários contatos com os números 192 e 193. Depois do atendimento feito pelos técnicos em enfermagem, ele foi conduzido ao HGR para tratamento médico.

OUTRO LADO – A irmã de Ruidglan disse que, na terça-feira, 27, entre o horário de 11h30 e 12h, uma viatura estava rondando o quarteirão onde fica a casa de sua mãe, no bairro Pricumã, onde estava atrás de alguém que teria um vínculo distante com a família. “O sargento mora na mesma rua da minha mãe e, enquanto ele entrou na sua residência, um soldado botou o cachorro para mijar em cima dos meus dois irmãos, que estavam na frente de casa, e disse: ‘O que estão olhando? Me acharam bonito?’. Foi quando o meu irmão mais novo entrou e o outro ficou no local. Os PMs deram a volta no quarteirão mais uma vez e chamaram meu irmão. Foi quando meu avô estava chegando e perguntou o que estava acontecendo. O policial disse que só tinha ido conversar com o Ruidglan e pediu que ele respeitasse a polícia”, relatou Lene Costa, irmã do jovem.

Ela também disse que o policial afirma que seu irmão havia desacatado os PMs e passou a xingá-los. Foi quando iniciaram uma discussão e deram voz de prisão a Ruidglan, que tentou voltar para dentro de casa e foi puxado pela camisa, levou uma rasteira. Quando caiu, segundo Lene, bateu a cabeça na calçada. Em seguida, teria recebido chutes e pisões na altura do pescoço e na cabeça, quando iniciaram as convulsões.

“O PM pensou que meu irmão estava brincando e deixou ele engolir a saliva, que acabou indo parar nos pulmões, comprometendo o funcionamento. Como ele viu que a coisa foi séria, prestou socorro ao meu irmão, fazendo massagem cardíaca. A enteada do meu tio fez respiração boca a boca.

Depois de oito crises de convulsão foi que o Samu chegou. Quando chegaram no trauma, o policial disse aos médicos que meu irmão era assaltante. Para tentar se defender, disse ao Comando da PM que meu irmão caiu e que sofria de epilepsia. Tenho a gravação do médico dizendo que, devido à gravidade da lesão, faltou oxigênio no cérebro e agora corre risco de vida por causa da irresponsabilidade de um policial despreparado”, destacou a irmã.

A família fez o registro da ocorrência no 2o Distrito Policial, na tarde do dia 29, quinta-feira, e fez a denúncia em alguns órgãos, os quais preferem não divulgar para que as investigações não sejam atrapalhadas.

PM – O Comando da PM informou que vai adotar as medidas necessárias para apuração do fato. Afirmou que todos os casos denunciados na Corregedoria são devidamente apurados e punidos, caso confirmada falha na conduta dos policiais.

“A PM não compactua com violência gratuita ou quaisquer outros desvios de conduta de integrantes da corporação, de modo que todos os que, por ventura, adotarem postura comprovadamente reprovável serão devidamente punidos pela Corregedoria, com a anuência do Comando-Geral da PM. O Comando garante ainda, que qualquer cidadão que se sinta prejudicado em decorrência da conduta de policiais militares deve procurar a Corregedoria e formalizar denúncia para que o caso seja apurado. A Corregedoria fica localizada na sede do Comando-Geral, na Avenida Capitão Ene Garcez, 1.769, Novo Planalto”, diz a nota.