Presos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo causaram um motim na tarde de ontem, 25, durante uma revista na unidade prisional e a condução de alguns reeducandos para participar de audiência no Fórum Sobral Pinto, em Boa Vista, e na comarca de Pacaraima.
Familiares de presos, que estavam em frente à Pamc, relataram ter ouvido tiros de bala de borracha e de arma letal. Durante o tumulto, um preso foi atingido por um tiro de revólver e precisou receber atendimento médico no Ponto Socorro Francisco Elesbão, segundo os familiares.
Por meio de nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que policiais militares e agentes penitenciários estavam realizando revista, procedimento padrão para localizar a presença de ilícitos na unidade prisional, quando o alvoroço foi iniciado entre os detentos. Segundo a Sejuc, um preso simulou um desmaio e, “ao ser socorrido por um agente, reagiu e interceptou a arma do agente”. “Diante da situação, os demais agentes de segurança que estavam no local reagiram e atiraram contra o interno, em posse da arma”, informou. No Pronto Socorro, foi constatado que o tiro foi superficial e o detento não corre risco de vida.
DENÚNCIAS – Familiares de presos denunciaram à Folha que os detentos da Pamc estão sendo agredidos. “Tem uma ala que está desativada. Os presos são levados para lá e são espancados. Trouxeram vários pelados para frente da penitenciária. Desde que dois suspeitos de matar o agente penitenciário foram levados para lá, a polícia iniciou as agressões contra vários internos e não dizem nada para gente, que estamos apreensivas pela vida deles”, disse a mulher de um preso que cumpre pena por tráfico de drogas e homicídio. Enquanto concediam entrevista, os familiares eram monitorados por policiais da Força Nacional. “Isso que eles estão fazendo é para nos intimidar”, ressaltou.
À Folha, os familiares relataram ainda que a fuga de sete presos, inclusive de dois suspeitos de matar o agente penitenciário Alvino Mesquita, na madrugada de segunda-feira, 24, teria sido forjada. Esposas e irmãs dos presos registraram denúncia na Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Roraima (OAB) e no Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) afirmando que os sete não teriam fugido. “Eles disseram que os detentos fizeram um buraco no muro para justificar a falta dos sete, mas aquele buraco já é antigo e todo mundo sabe da existência dele naquele local. Sabe-se lá o que eles fizeram ou querem fazer com eles”, afirmou a esposa de outro presidiário, que preferiu não se identificar.
Quanto à denúncia de tortura e maus tratos, a Sejuc destacou que “desconhece qualquer tipo de tortura ou espancamento dos internos por parte dos agentes de segurança”. Ressaltou que não compactua com este tipo de atitude e que qualquer denúncia relacionada será apurada com vigor pela corregedoria da pasta.
Com relação à fuga dos presos na madrugada de segunda-feira, 24, a Sejuc informou que já determinou a instauração e uma sindicância investigativa para apurar as circunstâncias que levaram a fuga dos internos. O resultado será divulgado ao fim dos trabalhos.
A Folha tentou contato com o MPRR para saber quais as medidas que serão adotadas pelo órgão quanto às denúncias de familiares de presos, mas até o encerramento desta matéria, às 19 horas, não obteve resposta. (T.C)