Polícia

Detento morre em presídio e agentes dizem que foi por asfixia

Com a transferência de 511 presos da Cadeia Pública de Boa Vista (CPBV), que começou na noite da quinta-feira, 11, e terminou na madrugada da sexta-feira, 12, todos os holofotes estão direcionados para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), para onde os detentos foram levados, considerando que no dia 6 de janeiro de 2017 aconteceu o maior massacre da história do sistema prisional de Roraima, quando 33 homens foram mortos e a maioria foi esquartejada e estripada.

No começo da tarde de ontem, 16, presos mataram por asfixia Nilton Cesar Alves da Costa, 42 anos, dentro de uma cela da Unidade Prisional. A reportagem da Folha conversou com um agente e ele disse que os companheiros de cela e membros da mesma facção enforcaram o presidiário até ficar inconsciente. A equipe de plantão, ao ouvir os gritos, correu para o bloco e tentou salvar o detento, levando a vítima para o Hospital Geral de Roraima (HGR), mas ele não resistiu e morreu assim que chegou ao Pronto Socorro Francisco Elesbão.

Preso pela primeira vez em 2014, acusado da prática do crime de estelionato em Mucajaí, Nilton se apresentava como corretor de imóveis e disse que seu nome era Nilton César Alves Padilha, apelidado de “Cezinha”. Sua prisão ocorreu em cumprimento de Mandado de Prisão Preventiva. Ele era investigado por aplicar golpes em donos de pequenas propriedades em Mucajaí, junto com o autônomo José Pena Mangabeira, vulgo “Zé do Boi”.

A investigação que resultou na prisão de “Cezinha” teve início após denúncias de moradores da região, em 2011. Porcos, carneiros e gado faziam parte da negociação de Nilton Cesar e os comparsas. Em alguns casos deram cheques sem fundo e em outros fizeram promessa de pagar no dia seguinte, e nunca retornaram. Uma das vítimas foi lesada em R$ 25,5 mil, quando vendeu 20 cabeças de vacas leiteiras para o suspeito.

Após a prisão, Cezinha apresentou na Delegacia de Mucajaí documentos com o nome de Nilton César Alves da Rocha. Ele foi liberado em 2016 para cumprimento da pena em regime semiaberto no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), mas voltou a praticar os crimes de estelionato novamente, sendo preso outra vez na Pamc no dia 29 de junho deste ano, onde aguardava novo julgamento.

Conforme a ficha carcerária, o preso tinha bom comportamento e não constava como tendo envolvimento com facções criminosas. 

GOVERNO – Conforme a Secretaria Estadual de Justiça (Sejuc), “Cezinha” teve uma parada cardiorrespiratória e sua morte teve causas naturais. O governo ressaltou ainda que não houve qualquer princípio de rebelião. “Os presos estão ocupando as alas no novo bloco recém-inaugurado na unidade, com separação por tipo de crime. Os detentos da Pamc ocupam as alas de 1 a 5 e os que foram transferidos recentemente da Cadeia Pública as alas 6 e 7, não havendo nenhum tipo de contato entre os mesmos”, conclui a nota. (J.B)