Polícia

Dez vendedores ambulantes são detidos fazendo boca de urna

Em frente aos locais de votação, eles anunciavam que seus produtos custavam 40 centavos de real ou 40 reais

No sábado e no domingo, 14 pessoas foram detidas e quatro foram presas por suspeita de crime eleitoral em Roraima. O caso mais inusitado ocorreu ontem por volta das 10h, em frente a locais de votação no bairro Raiar do Sol, na periferia de Boa Vista. Dez vendedores ambulantes anunciavam, aos berros, o preço dos seus produtos, que correspondiam ao número do candidato ao governo, Chico Rodrigues (PSB). As balinhas custavam 40 centavos de real e as galinhas, R$ 40. Eles foram detidos pela Polícia Federal, suspeitos de fazerem boca de urna.
Ainda na manhã de ontem, foi presa uma pessoa que coordenava equipe fazendo propaganda de boca de urna em frente à Escola Wanda David Aguiar, no bairro Raiar do Sol. Outros quatro eleitores foram conduzidos à sede da Polícia Federal, no bairro Caçari. Eles estavam fazendo pesquisa de boca de urna que não tinha registro no Tribunal Regional Eleitoral de Roraima.
No sábado, os agentes apreenderam R$ 5.406,00, agendas, cadernos, cópias de RG, CPF e Títulos de Eleitor no município de Mucajai, a cinquenta quilômetros da capital Boa Vista.
Foram cumpridos Mandados de Busca e Apreensão em três endereços no bairro Canarinho, em Boa Vista, vinculados a inquérito policial que apura compra de votos. Em um deles, funciona o escritório do deputado estadual Jalser Renier (PSDC), coordenador da campanha de Chico Rodrigues.
No município de Alto Alegre, foram outros sete mandados, com a apreensão de R$ 15 mil, documentos e arma de fogo.
Na fronteira do Brasil com a Venezuela, no município de Pacaraima, a Polícia Federal confiscou outros R$ 4 mil, documentos, anotações e mídia que confirmavam indícios de compra de votos em uma residência.
No total, foram apreendidos R$ 24 mil que seriam utilizados para compra de votos.
No balanço divulgado na noite de ontem, a Polícia Federal informou ainda que durante toda a tarde, equipes foram acionadas em vários locais onde pessoas se aglomeravam, em motos, veículos e a pé, na intenção de fazerem propaganda de boca de urna. “Os policiais debelaram as reuniões em início, pois são proibidas pela lei eleitoral. Houve destaque de atuação no bairro Raiar do Sol, onde havia maior aglomeração de pessoas na Capital”, diz a nota.
Nas eleições, foram apuradas a procedência de cerca de 113 notícias anônimas sobre crimes eleitorais durante os períodos de 01/10 a 05/10 e 15/10 a 26/10, além de dezenas de outras passadas de forma direta a servidores da Polícia Federal, com reforço naquelas notícias repassadas por autoridades de outros órgãos estatais e por noticiantes que se identificavam.
Conforme a PF, para o atendimento do alto número de notícias de crimes eleitorais no período noturno, foi determinado que equipes de Policiais Federais em viaturas descaracterizadas, com reforço no horário das 19h às 5h nos últimos dias anteriores ao pleito do primeiro e segundo turnos.
Até ontem, haviam sido instaurados 25 inquéritos com base em requisições da Justiça Eleitoral e do Ministério Público Eleitoral para apuração de suposta prática de crimes eleitorais.
No interior, três pessoas foram presas
A Polícia prendeu, ontem, três pessoas suspeitas de cometerem crimes eleitorais no interior do Estado. O primeiro caso ocorreu no Bonfim, município a 120 quilômetros da Capital, pela BR-401, Centro Leste do Estado. Um homem foi flagrado em uma carreata portando uma pistola 380 com numeração raspada. A arma pertence à Polícia Militar de Roraima.
A juíza titular da Comarca do Bonfim e presidente da 6a Junta Eleitoral, da 3a Zona Eleitoral, Daniela Schiriato, disse que o pleito foi tranquilo e tudo ocorreu como o previsto. No caso da prisão, a magistrada informou que o suspeito foi encaminhado à Delegacia para os procedimentos. Policiais civis disseram que o homem foi preso em flagrante por porte de arma e encaminhado à Penitenciária Agrícola, em Boa Vista. Bonfim tem 7.409 eleitores distribuídos em 27 sessões.
As outras duas detenções ocorreram ontem à tarde no Cantá, município a 30 quilômetros da Capital, pela BR-401, Centro Leste de Roraima. Os dois estavam fazendo propaganda política com carro de som e faixas na entrada da cidade, já na BR-432. “Encaminhamos os dois à delegacia e comunicamos o juiz. Um estava aparentemente embriagado, dirigindo”, disse a PRF Elani.
O juiz Marcelo Mazur, responsável pela 7a e 16a juntas eleitorais, da 3a zona Eleitoral, disse que o 2o turno também foi tranquilo no município, como foi o primeiro. Cantá tem 10.500 eleitores distribuídos em 43 sessões, sendo 11 da sede.
Em Mucajaí, a 55 quilômetros da Capital, pela BR-174, Centro Sul do Estado, o major PM Ronaldo, coordenador de serviços, disse que as eleições ocorreram sem incidentes. “Temos 33 policiais e mais nove na reserva, além dos quatro da guarnição. Tudo está tranquilo”.
A juíza Patrícia Oliveira dos Reis, da 6a Zona Eleitoral de Mucajaí, confirmou a tranquilidade no pleito. “Temos 64 sessões e 15.939 eleitores. Tudo ocorre como o previsto”, finalizou a magistrada, ontem pela manhã, rodeada de policiais federais.
Em Iracema, a 93 quilômetros da Capital pela BR-174, Centro Sul do Estado, o pleito também foi tranquilo segundo a Polícia Militar. O município tem 5.057 eleitores distribuídos em 14 sessões. Policiais federais informaram que não houve ilícito eleitoral até o começo da tarde de ontem naquela região.
Em Caracaraí, a 155 quilômetros da Capital, pela BR-174, Sul do Estado, os mais de 12 eleitores também não tiveram problema na hora de votar em uma das 52 sessões do município. Nenhum incidente foi registrado até o começo da tarde de ontem. (A.J.)