Em 10 dias, seis pessoas morreram em acidentes em Roraima

Acidentes ocorreram em Boa Vista e no interior do Estado

Os dois viajavam em um Polo prata que seguia em direção a Pacaraima quando colidiu frontalmente com um táxi intermunicipal. (Imagem: reprodução)
Os dois viajavam em um Polo prata que seguia em direção a Pacaraima quando colidiu frontalmente com um táxi intermunicipal. (Imagem: reprodução)

Nos 10 primeiros dias de 2025, seis pessoas morreram vítimas de acidente de trânsito em Roraima. Os dados foram contabilizados com base nas matérias publicadas na FolhaBV.

No ano passado, houve uma mudança na Lei 14.599/23, que alterou o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), substituindo o termo “acidente de trânsito” por “sinistro de trânsito”. 

Para entender melhor sobre o porque dos inúmeros acidentes de trânsito no início do ano, a reportagem conversou com o agente de Fiscalização de Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Vilmar Florêncio.

“Todo sinistro é precedido de uma desobediência as normas de trânsito. Há estatísticas que apontam que cerca de 95% dos acidentes tem como causa direta a ação humana e os 5% são relacionados a falhas mecânicas, que ainda assim, especialistas dizem que poderiam ser evitados com a manutenção adequada do veículo”, disse.

Vilmar Florêncio durante entrevista à Folha (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

VÍTIMAS

No primeiro sábado do ano, dia 4, a vítima fatal foi o cinegrafista Wyllamkermes Costa Sousa, na rodovia federal BR-432, na cidade do Cantá.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Kermes atingiu uma placa de sinalização, caiu do veículo e sofreu diversos danos no quilômetro 209 da via.

Já na segunda-feira, 6, o autônomo Almir de Oliveira Matos Neto, de 41 anos, foi a óbito após ser atingido por um caminhão, no bairro Jardim Floresta.

Outro sinistro que chamou a atenção, foi na manhã dessa quarta-feira, 8, que envolveu a colisão entre dois carros na BR-174, em Pacaraima, próximo à sede do município e da comunidade indígena Nova Esperança, que vitimou um homem e uma mulher.

No mesmo dia, no período da noite, o jovem Dville Lima Silva, de 20 anos, morreu após colidir com um veículo modelo Kwid branco, que invadiu a preferencial, no cruzamento entre as avenidas Ville Roy e Surumu, no bairro São Vicente.

Na quinta-feira, 9, Claudemi Barbosa de Oliveira, de 36 anos, morreu na BR-210. Além dos acidentes com óbito, outros sinistros com vítimas graves foram registrados.

Nota-se que no começo e final do ano há um aumento nos acidentes de trânsito, conforme Vilmar, isso se dar pelo período de férias escolares, em que os pais não precisam deixar ou buscar os filhos na escola.

“Estamos na época das férias escolares e percebemos diminuição no fluxo de veículos, mas os acidentes começam a acontecer de forma mais grave. Entendemos que, como a maioria da população está de férias, com isso estão mais suscetíveis a participarem de festas, confraternizações e se deslocarem para balneários e interior, onde acabam ingerindo bebida alcoólica e abusam da velocidade. Os sinistros que envolvem esses dois fatores têm grande chances de que haja feridos graves”, destacou Vilmar.

Outro fator que contribui para os sinistros, é o uso do aparelho celular. “Nós presenciamos condutores que conduzem os veículos por quilômetros utilizando o celular. Percebemos total desatenção, em redes sociais, se comunicando através de mensagem, o que é mais perigoso, pois tira a atenção, visão, domínio do veículo, ou seja, uma série de prejuízos. Nossa frota é relativamente pequena ainda, mas conseguimos encontrar muitos problemas devido a questão dos condutores dirigem de uma forma não atenta e ao não cumprimento das regras de trânsito”, enfatizou o agente de trânsito.

FISCALIZAÇÃO

Por meio do Detran, Superintendência Municipal de Trânsito (SMTRAN) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) são realizadas operações, blitz, ações educativas, entre outras ações de combate aos acidentes de trânsito e conscientização sobre as normas de trânsito.

“A população pensa que estamos fazendo a fiscalização apenas para multar, mas o nosso trabalho é prevenir que ocorreram infrações de trânsito e também punir os maus condutores, pois se não fizermos isso, a tendência é que esses sinistros aumentem. Não podemos estar em todo lugar ou abordar todos os condutores, por isso, que é importante que cada um faça a sua parte no trânsito para não virar estatística”, destacou Vilmar.

Detran durante fiscalização (Foto: Ascom/Detran)

PUNIÇÃO

O condutor que se recusar a fazer o teste do bafômetro ou for pego embriagado pagará uma multa de R$ 2.934,70.

A punição para um acidente com lesão corporal depende da gravidade da lesão e do tipo de ação penal, pode ser com detenção de seis meses a dois anos.

Agora o condutor que causar óbito no acidente e estiver embriagado a pena é de cinco a oito anos de detenção.

Outro fator importante pontuado por Vilmar é a questão da não prestação de socorro a vítima de acidente.

“Sair do local e não prestar socorro a vítima também se configura crime de trânsito. É importante que o condutor fique no local, ligue para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), caso o envolvido sinta que está com a integridade física sendo ameaçada, vá até uma delegacia próxima e relate o sinistro. Outro ponto muito importante, é que a população não remova os veículos da cena do acidente, pois isso prejudica a Perícia e principalmente, não queiram fazer justiça com as próprias mãos”, finalizou Vilmar.