Autor do triplo homicídio praticado em novembro de 2015, o ex-policial militar Felipe Quadros arquitetava fuga do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar, no Centro de Boa Vista, onde estava preso desde que se entregou à Polícia após cometer os crimes. Um rascunho de um planejamento da fuga foi encontrado em sua cela durante visita de representante do Ministério Público Estadual (MPRR). A Justiça, entendendo que o CPC não é uma unidade prisional adequada, determinou que Quadros fosse transferido para a Cadeia Pública de Boa Vista, no bairro São Vicente, zona Sul.
Ainda na manhã de ontem, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), a transferência foi efetuada. O pedido foi feito pelo Ministério Público após considerar que o ex-policial é um indivíduo de alta periculosidade e que o local não representa segurança necessária em relação a ele. Felipe Quadros está preso desde o dia 9 de novembro de 2015 no CPC, quando a Justiça decidiu que ele precisava ser mantido naquela unidade da Polícia Militar.
No entanto, ele foi expulso da corporação quando o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Dagoberto Gonçalves, assinou, no dia 29 de janeiro deste ano, a portaria que o excluiu do quadro de servidores da PM, após o Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) ser avaliado pelo conselho, uma vez que o procedimento teve por objetivo verificar se o policial possuía as necessárias condições morais, éticas e disciplinares para permanecer na corporação.
O Ministério Público fundamentou o seu pedido com a falta de estrutura adequada para custódia de presos. Relatou ainda que foi apreendido, durante uma revista na cela, um rascunho com um plano de fuga. Na Cadeia Pública, ele ficará recolhido em uma ala de segurança destinada a custódia de ex-policiais.
A decisão partiu do juiz auxiliar da Vara de Execução Penal, Marcelo Oliveira, que ressaltou os motivos para chegar a esta conclusão, destacando que o CPC não é unidade prisional adequada para custódia de presos, e a sua utilização, para tal fim, somente é deferida em situações absolutamente excepcionais.
“O magistrado já inspecionou o referido estabelecimento, verificando pessoalmente a falta de infraestrutura de segurança. Na Cadeia Pública, a direção tem o dever de adotar as providências necessárias para assegurar a integridade física do reeducando”, destacou o texto judicial.
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CASO – No dia 9 de novembro de 2015, o policial militar Felipe Quadros executou pai e filha, Eliézio Oliveira e Jannyele Filgueira, em frente à residência da família, na Rua dos Hibiscos, no bairro Pricumã, zona Oeste. Na ocasião, o policial usava pistola e colete à prova de balas pertencentes à Polícia Militar. Toda a ação foi gravada por câmeras de segurança da residência.
Após a execução das duas primeiras vítimas, o policial militar foi até o bairro Caimbé, também na zona Oeste, e assassinou o empresário Ernane Rodrigues, que morreu em frente à própria casa, na Rua Ruth Pinheiro. O PM ainda disparou tiros contra o vizinho do empresário, que ficou ferido quando tentou intervir na execução da vítima.
Para a MP, os crimes foram premeditados, mediante emboscada e por motivo fútil. O policial Felipe Quadros não aceitava o fim do relacionamento com a ex-namorada, que mantinha relação de amizade com as vítimas, com exceção de Ernane, com quem supostamente teria dúvidas relativas a aluguel de veículo.
GOVERNO – A Sejuc informou, por meio de nota, que acatou a decisão da Vara de Execuções Penais a pedido do Ministério Público, determinando a transferência de Felipe Quadros do CPC por ele não ser mais um policial militar.
“Quadros foi transferido nesta quinta-feira, 09, para a ala de ex-policiais da Cadeia Pública de Boa Vista. Ele será mantido inicialmente numa cela isolada para que a equipe psicossocial da Sejuc realize uma análise de comportamento. Caso tenha uma boa avaliação, Felipe Quadros será realocado para uma cela junto aos demais ex-policiais”, destacou a nota. (J.B)
