Polícia

Ex-policial acusado de cometer 12 assassinatos é preso

Diligências estão sendo realizadas para identificar se o homem era um assassino de aluguel ou “pistoleiro” e se executava ordens de organizações criminosas ou de pessoas ligadas ao garimpo

O ex-policial militar G. V. G., de 41 anos, foi preso acusado de cometer 12 assassinatos em Roraima. O caso mais recente foi do homicídio de um jovem e um adolescente em frente a uma distribuidora de bebidas em maio deste ano. O suspeito também é conhecido como “Mutum” ou “Cabeça Seca”.

A prisão ocorreu na tarde desta quinta-feira, 30, quando o Departamento de Homicídios e proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil cumpriu três mandados de prisão contra o suspeito, durante uma operação que envolveu agentes do DRACO (Distrito de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), DGH (Delegacia Geral de Homicídio), NIPD (Núcleo de Investigação de Pessoas Desparecidas) e GRT (Grupo de Resposta Tática).

Os policiais civis investigaram e localizaram o ex-policial militar morando em uma vila no bairro Jardim Tropical. Ele não esboçou reação no momento da prisão. Durante as diligências foram encontrados fardamentos e acessórios de uso exclusivo da Polícia Militar, diversas mochilas contendo kits de sobrevivência na selva, bem como acessórios de armas de fogo de uso restrito calibre .40 e munições calibre 38.

Durante as buscas também foi encontrado um revólver calibre 38 no entorno da vila onde residia o ex-policial. Em outro ponto da cidade foi apreendida uma motocicleta Yamaha Fazer, de cor preta. As investigações apontam que a motocicleta era utilizada para dar suporte na prática de crimes, inclusive de homicídio.

Ao ser qualificado e interrogado, G. V., negou todas as acusações. Além do cumprimento das ordens judiciais, foi lavrado um APF (Auto de Prisão em Flagrante) com o ex-policial, pela prática dos crimes de posse ilegal de munição de uso permitido e posse ilegal de acessórios de uso restrito, razão pela qual ele foi apresentado ao Poder Judiciário Estadual para realização de audiência de custódia.


Material apreendido pela Polícia Civil durante a ação (Foto: Divulgação)

SERIAL KILLER – A série de homicídios praticada pelo suspeito inclui o ataque a tiros realizado no dia 23 de maio deste ano em uma distribuidora de bebidas localizada no bairro Senador Hélio Campos, onde, segundo testemunhas, ele teria perguntado a idade de alguns frequentadores e iniciado, logo a seguir, uma série de disparos em direção a cabeça das pessoas, culminando em um duplo homicídio e uma dupla tentativa totalizando quatro vítimas.

Na ocasião deste crime, morreram no local Alessandro Medeiros Amorim, de 25 anos, e o adolescente Alexsandro Mendonça Medeiros, de 14 anos. Duas pessoas foram atingidas com os disparos e foram conduzidas ao Pronto Socorro Francisco Elesbão.

Um dos sobreviventes relatou à Polícia que estava na esquina de uma distribuidora, quando se aproximou das vítimas um homem, sozinho, trajando roupas pretas, capacete preto e moto escura. O homem perguntou pela idade das vítimas e antes mesmo de obter a resposta, ele sacou uma arma de fogo, tipo pistola e efetuou diversos disparos. A vítima relatou que não conhecia o atirador.

Suspeita é que homem era contratado para realizar os assassinatos

Todo o trabalho foi presidido pelo diretor do DHPP, Delegado Marcos Lazaro. Para ele, as práticas criminosas são similares à caracterizada por “um serial killer”.

“Foi um trabalho caracterizado como de enorme dificuldade técnica, posto que, como apurado até o momento, o preso era mantido por uma complexa rede de apoio que o sustentava e financiava. Este é o motivo pelo qual se aprofundarão as diligências para identificar se ele era um assassino de aluguel ou “pistoleiro” e se executava ordens de organizações criminosas ou de pessoas ligadas à mineração ilegal (garimpo), desta forma, novas prisões podem ocorrer a qualquer momento”, afirmou.

O delegado destacou a importância da ação policial para prender o ex-militar, cujas investigações e buscas para localizá-lo já duravam meses. “Um dos mandados de prisão contra ele é decorrente de sentença condenatória por tentativa de homicídio, em que foi sentenciado pelo Tribunal do Júri à pena de sete anos e quatro meses em regime fechado”, disse o diretor.

De acordo com Marcos Lázaro, é “digno de registro”, que o ex-policial militar “coleciona um rosário” de mortes, em sua extensa ficha criminal. “Até o momento estão contabilizados 12 homicídios, sendo dois duplos homicídios e duas tentativas de homicídios, praticados em diversos bairros da capital”, observou.

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