OPERAÇÃO CAÇADA REAL

Ex-senador Telmário Mota é preso em Goiás

Político já negou envolvimento com o crime no vídeo em que disse que esperava ser alvo da operação para prendê-lo, gravado em 19 de outubro

O ex-senador Telmário Mota em Nerópolis, interior de Goiás, logo após ser preso (Foto: Divulgação)
O ex-senador Telmário Mota em Nerópolis, interior de Goiás, logo após ser preso (Foto: Divulgação)

A Polícia Militar de Goiás (PMGO) prendeu o ex-senador Telmário Mota na noite desta segunda-feira (30), em Nerópolis, região metropolitana de Goiânia (GO), após ter ficado foragido. O político é acusado de ser o mandante do assassinato de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos – mãe de sua filha de 18 anos que o acusou de estupro às vésperas das eleições de 2022.

A Polícia Civil de Goiás (PCGO) informou que a prisão foi feita após troca de informações entre a Delegacia de Nerópolis e a PM do Estado. A delegacia é a responsável pelos procedimentos de praxe, de trâmite do custodiado e ainda a comunicação ao juízo competente, no caso, a Justiça de Roraima. O ex-senador foi encontrado em uma residência, onde a PM realizou as diligências e cumpriu o mandado de prisão.

Ao longo de segunda-feira, a Polícia Civil de Roraima prendeu, Leandro Luz da Conceição, o suspeito de efetuar o disparo que matou Antônia, e aplicou medidas cautelares com tornozeleira eletrônica à assessora do político, Cleidiane Gomes da Costa. Até o momento, o sobrinho do político, Harrison Nei Correa Mota, o “Ney Mentira”, apontado como a pessoa que liderou a logística e planejamento do crime, é o único que segue foragido.

Em coletiva de imprensa realizada pela tarde, a PCRR informou que a assessora do ex-senador prestou informações que sustentaram as investigações e confirmou o vínculo entre Mota e o crime.

Conforme o delegado chefe das investigações, João Evangelista, a motivação do crime pode estar relacionada à relação conturbada entre Antônia e Telmário desde que a filha o denunciou, em agosto de 2022. A mãe da adolescente foi morta no dia 29 de setembro, três dias antes de ser ouvida como testemunha no processo.

Evangelista informou que a fazenda Caçada Real, de propriedade do ex-senador, foi palco de uma preparação prévia, com reuniões e treinamentos realizados pelos executores antes do ato. O local, inclusive, deu nome à operação da Polícia Civil para prender o suspeito de mandar o crime.

“Esse crime foi planejado, orquestrado, premeditado. Os indícios apontam que o ex-senador foi o mandante do crime, que as reuniões e o autor do disparo fez os treinamentos para uso da arma na fazenda de Telmário”, disse.

A polícia ainda investiga de quem seria a arma de fogo utilizada no crime e o calibre da arma, que pode ser uma nove milímetros ou 380. A pistola não foi localizada ainda.

No dia 19 de outubro, Mota gravou um vídeo em que dizia acompanhar rumores de que seria alvo de operação da Polícia Civil de Roraima para prendê-lo. O ex-senador prossegue negando envolvimento com o crime. “Eu não matei a Antônia, não mandei matar, não sei quem matou e não sei se alguém mandou matar. Cabe a Polícia descobrir, a nossa Polícia Civil tem excelente quadro humano, porém, tá desaparelhada”, disse.