Exército e agentes de segurança de RR fazem varredura na Pamc

O Exército Brasileiro, em parceria com a Força Nacional e agentes de segurança do Governo do Estado, iniciaram por volta das 06h desta sexta-feira, dia 27, uma operação de revista na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), intitulada “Monte Cristo II”. A finalidade é que todas as alas da unidade prisional sejam vistoriadas para que os materiais ilícitos, como drogas, armas, celulares, entre outros produtos, sejam apreendidos, a fim de evitar um novo massacre, como o do dia 06 janeiro, quando 33 presos foram mortos. Mais de 500 homens participaram da ação.

A 1ª Brigada de Infantaria de Selva (BIS) enviou tropas para o emprego de ações técnicas de varredura no interior do presídio, atendendo ao decreto presidencial expedido no dia 17 de janeiro, no qual o Governo Federal autoriza a intervenção do Exército em presídios e fronteiras do país.

De acordo com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), estiveram envolvidos na operação de varredura na Pamc, na zona rural de Boa Vista, 20 homens do Grupo de Intervenção Tática (GIT), 20 agentes penitenciários, 170 policiais militares e civis, policiais da Força Nacional, além do efetivo do Exército, com mais de 300 homens. Estão sendo empregados detectores de metais de chão e de parede para auxiliar nos serviços. Em dezembro de 2015 foi realizada uma operação similar na penitenciária.

Os presidiários foram retirados das celas para que os grupos pudessem  agir dentro das alas. A ação se estendeu por todo o dia, até que todas as alas fossem devidamente vistoriadas. “A operação faz parte do pedido feito pelo Governo do Estado em reforçar a segurança na Pamc, após o evento que deixou 33 mortos. Antes mesmo de qualquer movimentação contrária no presídio, o Governo do Estado havia alertado o Governo Federal sobre as possibilidades de conflitos na unidade prisional. Como medida de segurança, as visitas continuam suspensas na Pamc”, diz a nota.

APREENSÕES – No fim da tarde de ontem, os primeiros materiais apreendidos foram divulgados à imprensa: 56 celulares, balanças de precisão, drogas e facas, além de uma anotação das ruas do bairro Bela Vista, na zona Oeste, onde possivelmente moram alguns agentes penitenciários e policiais, que tiveram as residências marcadas pelos líderes de organizações criminosas. O balanço geral da operação deve ser apresentado hoje, 28.

Ministro da Defesa convoca imprensa, em Recife, para falar da ação na Pamc

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou ontem, em coletiva de imprensa, no II Comando Aéreo Regional (Comar), no Recife (PE), o início das vistorias pelas Forças Armadas, em Roraima, reforçando que o objetivo de empregar militares da Marinha, Exército e Aeronáutica nessas ações é contribuir com a redução da criminalidade.

Segundo ele, 335 militares, divididos em 33 equipes, vasculharam as instalações da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). “A operação começou às 6h. Tropas do Batalhão de Choque retiraram os presos de um dos pavilhões, para que os militares das Forças Armadas pudessem iniciar a busca por armas, munições, drogas e qualquer objeto que tem servido para potencializar e multiplicar as tragédias nos presídios brasileiros”, disse.

Se a varredura não for concluída em um dia, conforme Jungmann, os trabalhos podem ser retomados nos dias seguintes, até que toda a unidade seja vistoriada. De acordo com o ministro, por questão de segurança, as tropas enviadas para Boa Vista são de outros estados. Além disso, ficou condicionado que as Forças Armadas não terão qualquer contato com os presos.

Os militares foram deslocados para Roraima durante a madrugada. Quando o dia amanheceu, policiais militares e agentes penitenciários mudaram os presos de um dos quatro pavilhões para o setor de banho de sol. Em seguida, as equipes das Forças Armadas entraram no pavilhão vistoriando paredes, telhados, grades e piso do local.

“Eles utilizam aparelhos de raio X modernos, que foram adquiridos para as varreduras em estádios de futebol e arenas esportivas, durante a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos”, comentou o ministro.

Até o início da tarde, dois pavilhões tinham sido vasculhados. O ministro informou que até o fim do dia será divulgado balanço daquilo que foi encontrado na unidade prisional.

Jungmann contou que presídios de outros estados devem passar por varreduras, como: Amazonas, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul. Ele explicou que os militares só entrarão em presídios que não apresentem riscos de rebelião ou qualquer tipo de conflito. “Nós estamos em operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Natal. No presídio de Alcaçuz só entraremos quando tivermos informações do serviço de inteligência de que não há risco de acontecer qualquer choque com os detentos”, destacou.

Para a atuação das Forças Armadas nos presídios é preciso que o governador de cada Estado faça a solicitação ao presidente da República. Em seguida, o presidente edita o decreto autorizando a medida. Cabe ao Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), fazer o planejamento e a execução da operação. (J.B)

Aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, drogas e dinheiro foram apreendidos

De acordo com o balanço divulgado pelas Forças Armadas, na tarde de ontem, já haviam sido apreendidos 1,2 quilo de droga (maconha e cocaína), 56 aparelhos celulares e 2 chips, 136 armas brancas e materiais cortantes e vergalhões, 3 cartões de memória USB, 25 resistências improvisadas para esquentar água, quatro marretas grandes, 31 aparelhos de TV, 55 antenas improvisadas, 12 DVDs e aparelhos de som.

Também foram encontrados 23 fogões de pequeno porte, 3 balanças de precisão, 1 micro-ondas, 9 liquidificadores, 61 geladeiras, 1 garrafa pet contendo pólvora negra, 2 sacos com sementes de maconha, 3 botijões de gás, 3 sanduicheiras e 3 torradeiras, 2 máquinas de tatuagem e blocos com anotações. Além disso, foram encontrados R$ 607 em dinheiro, oito cartões de crédito e uma carteira vencida de porte de arma.