Na manhã dessa segunda-feira, dia 3, populares acionaram a Polícia Militar depois de encontrarem o corpo do jovem Jeison Macedo de Gois, de 23 anos, às margens da RR-205, após o bairro Cidade Satélite. Ele estava desaparecido desde as 21h da sexta-feira, dia 31 de maio, e seu pai fez o registro do Boletim de Ocorrência no domingo, dia 2.
Conforme a PM, quando a guarnição chegou ao endereço conversou com o filho do caseiro do sítio ao lado do local onde o corpo foi desovado. O rapaz esclareceu que estava numa plantação de feijão, fazendo a limpeza com enxada, e se deparou com muitos urubus comendo algo que ele acreditou ser um cachorro morto, mas ao se aproximar confirmou que era corpo humano, por isso ligou imediatamente para o número 190.
O corpo estava em avançado estado de decomposição. Policiais militares isolaram a área até a chegada das equipes da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), Perícia Criminal e do Instituto de Medicina Legal (IML). Ao fim dos procedimentos técnicos, foi removido do local à sede do IML, onde foi submetido a uma série de exames, considerando que as condições do cadáver não favoreciam um reconhecimento imediato. O corpo estava vestido com uma bermuda azul e sem camisa.
O pai relatou à Polícia Civil, em Boletim de Ocorrência (B.O), que o filho morava no bairro Senador Hélio Campos, com a mãe dele, e saiu de casa sem informar para onde iria. No domingo, por volta das 8h45, recebeu um vídeo da mãe do rapaz, no qual ele aparecia com as mãos amarradas para trás, momento em que procurou a Delegacia.
Ainda segundo o pai, o que desejava era que a Polícia localizasse seu filho e o devolvesse à família com vida, e que seus algozes fossem presos e pagassem pelo crime praticado.
O VÍDEO – Num vídeo, gravado pelos executores, a vítima aparece dizendo que era de uma facção criminosa e pede que seus “irmãos” rasguem a camisa porque seriam cobrados, uma vez que ele estava sendo cobrado naquele momento. Por fim, ele declara que não tem futuro ser daquela facção e pede que todos migrem para a facção rival. Ele também conta que foi capturado enquanto fazia um trabalho para o parceiro de facção.
O vídeo não tem cenas de violência explícita, no entanto, acredita-se que aquelas tenham sido as últimas declarações de Jeison com vida. Depois de gravar o vídeo, provavelmente, ele teria sido morto a facadas. O rosto da vítima também foi queimado. A confirmação de que o corpo seria da vítima se deu apenas no fim da tarde de ontem, após exames específicos. O caso está sendo investigado pela DGH.
Família relata que fez tudo para tirar o jovem das drogas
A reportagem da Folha conversou com o pai do jovem e ele relatou que fazia menos de um mês que Jeison havia retornado de um tratamento de desintoxicação. Apesar do sofrimento, o homem foi sereno ao dizer que ele e a mãe do jovem fizeram tudo o que podiam por ele.
“Eu registrei a ocorrência domingo. Eu sabia que meu filho tinha envolvimento com facção, aliás, a gente tirou ele daqui e deixamos ele quase dois anos para dentro de uma ilha, fazendo tratamento contra as drogas e estava com umas três semanas que tinha voltado para casa e começou a andar de novo na rua, com más amizades”, acrescentou o pai.
Para encerrar, o pai ressaltou que tanto ele quanto a mãe de Jeison o aconselhavam constantemente, “mas ele não respondia, não dava uma palavra. A gente fazia de tudo por ele. Acho que o nosso sistema não entrava na cabeça dele. Quando ele sumiu, já me preocupei logo. Fui comunicado pela mãe dele no sábado de manhã. Pensei em esperar mais um pouco porque, de repente, ele poderia estar na casa de uma menina e voltaria para casa, mas nada disso aconteceu”, concluiu. (J.B)