Polícia

Família de adolescente assassinada pede justiça

Há pouco mais de uma semana da morte da jovem Karolina dos Santos Oliveira, de 18 anos, dentro de um terreno baldio do bairro São Francisco, no dia 8 deste mês, a Folha entrou em contato com a família da jovem, para obter informações sobre os fatos, e com a Polícia Civil, para saber detalhes sobre o crime e buscar respostas sobre as investigações.

A mãe da vítima, que não quis se identificar, disse que os jovens perderam o medo do perigo e que não saberia informar com exatidão se sua filha tinha envolvimento com indivíduos que praticam crimes. “Minha filha foi criada com regras, com normas. Eu não tenho como dizer se ela tinha envolvimento com qualquer pessoa envolvida com crime. Se ela tinha, eu não sabia”, complementou.

De acordo com a mãe, o desaparecimento a deixou surpresa porque não sabia onde procurar e nem com quem conversar. “Eu senti dificuldade no momento em que procurei ela, quando desapareceu. Eu tive dificuldade porque não sabia para onde ir e nem com quem ir. Ela não tinha amigos porque eu não deixava. Os amigos eram os primos, mas eles estavam em casa. Eles eram as únicas pessoas com quem ela saía e ficava junto”, justificou.

Sem respostas, a mãe chegou a cogitar a ideia da filha ter escondido alguma coisa por ela ser alguém que cobrou muito na criação. “Eu não deixava ela dormir ou fazer trabalho na casa de ninguém. Ela fazia em casa, exatamente para esse tipo de coisa não acontecer. Essa busca de saber se ela estava envolvida com alguma pessoa errada também é a busca da polícia. Se ela estava, não me falou”, enfatizou.

Ela disse que diante de tantas possibilidades não consegue imaginar como a filha foi levada para o terreno baldio. Quando questionada sobre o fato da filha ter sido confundida com outra jovem chamada “Karol” e que teria sido morta por engano, uma vez que essa história chegou à reportagem, a mãe da vítima disse que não tinha conhecimento dessas informações.

“Karolina não tinha inimigos, não tinha momentos de raiva. Quando eu chamava a atenção e brigava, pouco tempo depois ela já estava sorrindo e brincando. Essa é minha imagem dela. É muito difícil aceitar, pela forma que foi. Eu estou sem direcionamento. Até na minha casa eu tenho medo de ficar e não sei nem o que pensar. É muito difícil. Fui eu quem praticamente encontrei minha filha, perto da minha casa. O terreno é na esquina da minha casa”, relembrou.

Na noite do desaparecimento, a mãe disse que ficou acordada, aguardando a chegada da filha que nunca tinha saído sem retornar. No começo da manhã daquela sábado recebeu um áudio de seu cunhado, major da PM, que disse ter sabido do corpo de adolescente encontrado no São Francisco, momento em que ficou muito nervosa, orou e saiu de casa. Chegando à esquina, viu as viaturas policiais e decidiu ir ao local, mas foi impedida por um dos policiais que mostrou uma das fotos e viu que era sua filha.

Por fim, a mãe disse que aquele crime não pode ser visto como algo normal porque se fosse apenas para roubar teriam levado outros pertences. Quanto ao fato da vítima estar vestida com um short por baixo da calça, a mãe disse que era um costume da filha. “Ela tinha costume de vestir short por baixo de calça, vestido e saia porque eu cobrei muito desde quando ela era novinha. Ela não ficava só de calcinha”, concluiu, pedindo que os jovens tomem cuidado.

Polícia investiga participação de casal no crime

A mãe da vítima contou para a reportagem que a principal hipótese investigada pela Polícia é que o crime seja um latrocínio (roubo seguido de morte), considerando que o assassino levou o celular da vítima. Os policiais tiveram acesso a imagens de câmeras de residências do bairro São Francisco. “Nessas imagens ela aparece sozinha. Ninguém atrás. Depois aparece um casal que vinha no sentido Folha/Bairro. Em outra imagem aparece o casal retornando do terreno, com o celular na mão, caminhando bem rápido”, compartilhou.  

A reportagem da Folha conversou o delegado titular da Delegacia Geral de Homicídios (DGH) e, segundo ele, esse caso recebeu atenção máxima desde que tomou conhecimento do crime. “Estamos tentando confirmar o envolvimento de dois suspeitos. É um caso um pouco difícil, pois a principal linha de investigação aponta que os autores não tinham relação com a vítima. Vamos continuar investigando”, esclareceu. (J.B)