Trajando camisas brancas com a foto de Carlos Eduardo Viana Fernandes, de 21 anos, conhecido como Dudu, os familiares dele pedem justiça após ele ter sido morto com um tiro nas costas durante uma ação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), ocorrida nessa terça-feira, 18, no Asa Branca. Em material enviado à imprensa nessa quarta-feira, 19, a FICCO não relatou sobre a morte de Eduardo.
Ação ocorreu próximo a residência de Eduardo e o segundo os familiares, o avô e o tio dele ouviram o tiro e viram o momento em que ele foi baleado.
Maíra Rayane, de 22 anos, irmã de Eduardo, contou à reportagem da FolhaBV, que antes de ser morto, Eduardo estava em casa almoçando com os avós, quando recebeu uma ligação de um homem chamando para ele ir até uma residência localizada na Rua Belarmino Fernandes Magalhães.
“O Eduardo pegou o carro do meu tio e foi até lá. Quando ele chegou na casa, desceu do veículo e foi entrar no imóvel, viu os policiais apontando a arma. Ele ficou com medo e correu em direção ao meu avô e tio que estavam na frente de casa, mas os policiais atiraram de longe na lombar dele. Meu irmão só estava correndo, não apresentava risco, diferente dos policiais, que poderiam ter acertado alguém que poderia estar passando na rua”, contou Maíra.
Conforme Maíra, após cair no chão, Eduardo gritou ‘me mataram, me mataram’ e teria sido agredido com um chute pelos policiais, que não acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo ela, os próprios agentes o colocaram no veículo que estava descaracterizado e o levaram ao Hospital Geral de Roraima (HGR), onde ele passou por cirurgia, mas não resistiu.
“Se foi um tiro que matou ele, que é o que eles estão falando, por que o Eduardo está todo roxo? Por que a cabeça dele está toda quebrada? A maquiagem quase não consegue disfarçar. Por que eles levaram para o HGR? Não é o Samu que tem que levar? Eles bateram, maltrataram o meu irmão. Eu quero justiça porque assim quando matam um deles não tem justiça? Também quero que achem o culpado por isso. Eduardo deixou um filho de dois anos, isso é muito triste”, foram alguns dos questionamentos feitos por Maíra.
Vídeo mostra Eduardo sendo levado ao HGR pelos policiais
Ainda de acordo com o relato de Maíra, na mesma noite da morte, os policiais teriam ido até o local onde ocorreu o disparo, pedido para os vizinhos apagarem os vídeos e lavado o sangue de Eduardo.
“Eles fizeram tudo isso e não saiu nenhum boletim sobre o ocorrido. Não relataram nada disso na Delegacia. Como Assim? Nesse mesmo dia, eles ficaram vindo aqui na esquina de casa e ficaram olhando para cá. Inclusive, durante o velório os carros da polícia estão passando por aqui. O trabalho da polícia é prender e levar para a Delegacia, não é matar”, disse.
Segundo os familiares, além da perfuração da bala, Eduardo apresenta várias fraturas pelo corpo. Inclusive, uma rachadura no crânio e está com sangramentos. “Ele está irreconhecível”, chegou a dizer um familiar.
A mãe de Eduardo, Silvia Viana, de 40 anos, disse está revoltada com o ocorrido e que irá em busca de justiça. “Chorar o luto de um filho não é fácil. Você criar um filho, dar todo o amor, carinho e ver nessa situação. Todos que viram ele no caixão, não tem quem diga que ele morreu por causa de um tiro. Eles mataram o meu filho, foram covardes. Eles o chutaram, bateram no abdômen dele, eles o estouraram todo. Não venham dizer que foi pólvora porque não foi. A morte do meu filho não vai ficar impune”, destacou Silvia.
Os familiares relataram que já deram início em uma ação contra os agentes e que nos próximos dias irão até as Corregedorias da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal para denunciar o caso.
Em post feito no Instagram, a FICCO informou que Eduardo teria reagido a ação policial e que a apuração sobre fato está em andamento nos temos da lei.