Polícia

Familiares protestam contra assassinato de agente de saúde

Familiares do agente de saúde Marcos Xavier Cardoso, de 53 anos, que foi assassinado no dia 1º de outubro, na Terra Yanomami na região do Apiaú, no Município de Mucajaí, Centro-Oeste de Roraima, fizeram uma manifestação pacífica, na manhã de quarta-feira, 13, na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), para pedir apoio do órgão na elucidação do caso.

Um dos suspeitos de ter cometido o assassinato, conhecido como “Vaqueirinho”, chegou a confessar o crime em depoimento prestado na Delegacia de Mucajaí, mas foi liberado em seguida por não ter sido flagranteado.

Segundo a irmã do agente, Cleo Xavier Cardoso, o protesto foi feito para pressionar as autoridades. “Não estamos mais tendo resposta do acontecido. A gente não sabe de nada, apenas que o delegado responsável iria para a área onde ocorreu o crime para pegar mais informações, mas soltaram o rapaz que confessou o crime por falta de provas”, disse.

Ela afirmou que a família pede a prisão preventiva de “Vaqueirinho”. “Vamos pressionar até sair a prisão dele, porque foi ele quem matou meu irmão. Quando ocorreu o crime, só queríamos tirar o corpo de lá, que tinha passado a noite no mato sendo velado pelos índios. Não veio na nossa cabeça prestar depoimento naquele momento, mas já era tarde”, afirmou.

Conforme ela, a Sesai se comprometeu a ajudar a família no caso. “O diretor estava em reunião, mas informou que o órgão moverá ‘céus e terras’ para fazer justiça ao Marcos”, frisou.

POLÍCIA – De acordo com o delegado titular da Delegacia de Mucajaí, Alexander Lopes, o acusado confessou ser autor do homicídio que vitimou Marcos Xavier Cardoso, ocorrido no dia 1º, mas alegou legítima defesa.

Ele informou que o caso está sendo investigado, restando ainda serem apresentadas e ouvidas testemunhas, inclusive a esposa da vítima, que ainda não compareceu à delegacia, tendo enviado apenas uma carta.

“Importante ressaltar que o acusado não foi preso em flagrante, razão pela qual foi liberado, após ser interrogado, mas vai responder perante a Justiça”, afirmou.

CASO – O agente de endemias Marcos Xavier Cardoso, 53 anos, foi morto em uma área indígena em Mucajaí após ser convidado para pescar com trabalhadores de uma fazenda situada na região.

Os suspeitos são funcionários de uma fazenda que fica nas imediações da terra indígena que, na noite anterior ao sumiço da vítima, tiveram um desentendimento com o agente. A região é conhecida pelos constantes conflitos entre fazendeiros, garimpeiros e indígenas. Marcos Cardoso tinha mais de 30 anos de trabalho dedicado aos indígenas.

Segundo a família, o crime possivelmente tenha sido motivado porque Marcos entrou na área da fazenda para abrir uma porteira que dá acesso à terra indígena, o que gerou descontentamento do caseiro. A partir da entrada do agente de endemias, o caseiro da fazenda, conhecido como “Vaqueirinho”, sentiu-se desafiado, o que gerou raiva e um desentendimento.

No dia seguinte à remoção da paciente, o caseiro procurou Marcos, afirmando que não guardava mágoas e por isso estaria fazendo as pazes, aproveitando o momento para convidá-lo para uma pescaria no açude da fazenda, no entanto, demoraram voltar e um colega de trabalho do posto de saúde solicitou que os índios fossem atrás do agente, que foi encontrado sem vida.