Polícia

Famílias de garimpeiros mortos pagam para resgatar corpos

Polícia Civil anunciou que faria operação para resgatar corpos, mas precisaria do auxílio de outros órgãos de segurança pública

O drama das famílias dos garimpeiros mortos na região do Garimpo Santa Rosa, no território município do Amajari, norte do Estado, teve fim na tarde de ontem, dia 22, quando os corpos chegaram à Capital e deram entrada no Instituto de Medicina Legal (IML) para serem examinados. As vítimas, conforme os familiares, são: Carlisson Maçal do Nascimento, de 22 anos, Zaquel Gomes Batista, 33 anos, e Jonas Francisco Barros, 49 anos, conhecido como “Sarney”.

O crime, segundo as famílias das vítimas, ocorreu no dia 11 deste mês e desde então iniciaram uma verdadeira peregrinação junto às instituições do Governo para conseguirem fazer o resgate. A Polícia Civil chegou a anunciar que faria uma operação para ir ao local do crime, a fim de trazer os corpos, mas não realizou a ação.

Sentindo-se lesadas pelo Estado e desmotivadas a insistir, as três famílias juntaram-se e tiveram que pagar a quantia de R$ 1.200,00 cada para populares que conhecem a área. Os R$ 3.600,00 foram gastos na logística e no custeio de todas as despesas da equipe que se propôs a buscar os três corpos. Além disso, os envolvidos no resgate tiveram que contar com o apoio dos indígenas que vivem na região.

Conforme os familiares, o Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBMRR) doou os sacos plásticos onde os corpos foram guardados. Da região de garimpo onde as vítimas foram mortas a tiros, até a sede do Amajari, o transporte foi feito por uma embarcação de pequeno porte, alugada. Do Amajari até Boa Vista, o rabecão do IML fez a remoção.

As famílias informaram que estão preocupadas com a possibilidade da demora na liberação dos corpos, tendo em vista que o maior desejo é sepultar dignamente as três vítimas o mais rápido possível. “Não queremos esperar 15 ou 20 dias, já chega de sofrimento. Nós somos capazes de reconhecer os corpos. Nós podemos ajudar”, explicou um dos parentes.

Na manhã de hoje, dia 23, os corpos devem passar por exame de necropsia e pela perícia para que o processo de identificação seja concluído. Somente depois do procedimento, serão liberados às famílias. Duas equipes do IML vão examinar os corpos, com o intuito de acelerar o trabalho médico-legal.

AUTORIA – A equipe que fez o resgate e o transporte dos corpos conversou com algumas testemunhas que vivem na região, inclusive indígenas, e confirmou que o autor dos crimes foi um índio. Ele teria concordado em trabalhar por 30 dias para ter em troca 2,5 gramas de ouro. O indivíduo chegou a confirmar que matou os homens para roubar e depois fugiu. Ele não é visto na região há alguns dias. (J.B)