Em apenas 22 dias de 2024, o governo federal já destruiu duas aeronaves, 78 motores, cinco motobombas e 2,5 mil litros de combustível utilizados pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. As destruições ocorreram em operações da PF (Polícia Federal) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).
Neste período, a PF apreendeu uma arma de fogo com munições e acessórios, além de coletes balísticos e rádios comunicadores. As ações de combate ao garimpo no território indígena foram reiniciadas neste mês, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinar novas medidas para enfrentar a atividade ilegal, incluindo o envio de comitiva ministerial a Roraima.
Retomada pela PF neste mês, a Operação Libertação visa expulsar os garimpeiros da região e inutilizar materiais que sustentem a atividade do grupo. Em 2023, a operação resultou na destruição de 39 aeronaves, 550 motores, 88 balsas, 52 barcos, 82 motores de popa e 5 mil metros de mangueira, e no bloqueio ou apreensão de mais de R$ 589 milhões.
No ano passado, o Ibama lavrou 173 autos de infração, totalizando R$ 60,3 milhões em multas, e mais 238 termos de apreensão com valores estimados em R$ 94 milhões.
O Governo Lula retomou o combate ao garimpo após a Justiça Federal ordenar audiência de conciliação com os órgãos federais envolvidos na proteção do território para definir um novo cronograma de ações contra a atividade ilegal. A decisão atendeu o MPF, que citou a permanência de invasores na região.
O órgão ministerial disse à Justiça que os resultados promissores das operações na Terra Yanomami, no início de 2023, não evitaram a reocupação de áreas pelo garimpo, e que as ações tiveram sucesso até o início do segundo semestre. A partir desta época, garimpeiros retornaram à região, especialmente em áreas já desmatadas. O MPF citou a existência de vários relatos de aliciamento, prostituição, incentivo ao consumo de drogas e de bebidas alcoólicas, e até estupro de indígenas pelos garimpeiros.
O último balanço o Ministério da Saúde aponta 308 mortes de indígenas na Terra Yanomami em 2023, por motivos como malária, desnutrição grave e doenças associadas à fome, como diarreia e pneumonia. Há um ano, Lula veio a Roraima para anunciar as primeiras medidas contra a grave crise yanomami, que repercutiu em todo o mundo.