Uma movimentação suspeita nos arredores do Centro de Ensino e Instruções do Corpo de Bombeiros tem assustado os moradores do bairro 31 de Março, na zona norte da Capital. Os residentes da região acreditam que homens ameaçam entrar na unidade que atualmente abriga 13 adolescentes do Centro Socioeducativo Homero de Souza Cruz Filho (CSE).
A informação, repassada por moradores e fontes à Folha na sexta-feira, 24, é que membros de organizações criminosas estariam rondando o prédio, em carros suspeitos, na tentativa de realizar atos criminosos contra os adolescentes e os agentes da unidade. “Essa rua Fábio Magalhães era tranquila, mas agora todos os dias vemos carros parados nos arredores da escola e homens tentando entrar no local”, contou uma moradora que preferiu não ser identificada. “Eles sobem no muro e ameaçam”, afirmam.
Outra informação apurada pela Folha é que o espaço não tem condições de abrigar os internos, já que lá se trata de um Centro de Ensino. As portas, feitas de compensado, não garantem a segurança.
Aparentemente, os adolescentes passam o dia inteiro dentro de salas de aula e precisam chamar os agentes sócio-educadores para ir ao banheiro da escola. Os dois agentes que estão guardando o local, precisam escoltar o adolescente até o local, sempre que necessário.
OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que a transferência dos internos ocorreu após o consentimento da Vara da Infância e Juventude, considerando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A Sejuc informa ainda que o prazo de permanência dos adolescentes no local será mantido enquanto é feita a obra de readequações do prédio do CSE, aproximadamente um mês, em atendimento a uma determinação da Justiça. A medida foi tomada após a unidade ter sido parcialmente destruída devido a uma rebelião na unidade.“As obras no CSE iniciaram no dia 15 de agosto e o tempo necessário para essas adequações da unidade é de 20 a 30 dias”, explicou o Governo.
O prazo de um mês se dá, segundo a gestão estadual, por se tratar de uma obra de adaptação de reforço das estruturas de concreto dos blocos da unidade que ficaram destruídos no motim promovido pelos adolescentes internos, no dia 13 de agosto. Os blocos que já estavam recebendo melhorias e reparos também vão ser revitalizados por conta de outras ações contra o patrimônio público, informou o poder executivo.“A segurança no local está reforçada pela Polícia Militar, juntamente com sócio-orientadores, que atuam no local, e policiamento com viatura na área externa 24h”, completou a nota.
ENTENDA O CASO – Os internos foram transferidos para o prédio do Centro de Ensino e Instruções do Corpo de Bombeiros, no bairro 31 de Março, no dia 16 de agosto. Até então, eles estavam na Casa da Mulher Brasileira, mas foram realocados após a Vara da Infância e Juventude da Comarca de Boa Vista decidir que a unidade não possuía as condições ideais para manter os internos.
Os moradores da região procuraram o Ministério Público Estadual (MPRR) afirmando serem contra a decisão e solicitando que os adolescentes fossem retirados do local, mas a mudança ocorreu mesmo assim. (P.C.)