Uma jovem de 21 anos viveu momentos de terror na manhã dessa terça-feira, 26, quando entrou num táxi-lotação que faz o trajeto do bairro onde ela mora, o Raiar do Sol, até o Conjunto Pérola, no bairro Doutor Airton Rocha, local onde trabalha com a mãe, numa padaria. Ela contou que no caminho foi assediada pelo motorista que a beijou nos braços, ombros, passou a mão em suas pernas e disse que gostaria de namorar e casar com ela.
Após saber do caso, a reportagem da Folha entrou em contato com a família e conversou com a mãe da jovem, uma vez que ela não estava em condições psicológicas de falar. “Ela ainda chora e precisou passar pelo constrangimento das pessoas não acreditarem na palavra dela. Ainda disseram que eu queria mídia. Eu sou mãe, eu protejo minha filha e não queria ter passado por isso nunca”, explicou.
A mulher contou com detalhes o que sua filha sofreu. “Minha filha não inventaria uma coisa dessas. Eu conheço ela muito bem. Saiu da casa dela, porque não mora comigo, para vir trabalhar aqui na padaria que fica no Pérola e já desceu do carro me olhando totalmente assustada; e eu já fiquei assustada também e perguntei o que aconteceu. Ela não conseguia falar, só chorava e se retorcia. Eu insisti para ela contar o que aconteceu até que ela conseguiu falar que o homem do lotação estava passando a mão na perna dela, dizendo que era bonita, que queria casar com ela, beijando ombro e pescoço. Ela pedia para ele parar, mas ele continuava dizendo que nunca tinha visto uma menina bonita como ela”, frisou.
Depois de saber do caso, a mãe viu que o carro estava fazendo o retorno e foi ao encontro do homem. “Eu fui lá no carro dele para perguntar o que tinha acontecido. Falou que eu agredi ele, mas é mentira. Eu só fui perguntar o que ele fez com minha filha, mas ele não respondeu e arrancou com o carro, me arrastando junto. Eu não dei soco, como ele disse por aí. Eu queria que ele fosse homem e dissesse que minha filha estava mentindo, que não fez nada com ela, mas ele sequer desceu do carro”, enfatizou.
A mãe da vítima ainda reforçou que a única coisa que conseguiu anotar, diante do nervosismo, foi o número do lotação. “Minha filha foi registrar o Boletim de Ocorrência (B.O) na Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam). Já ligaram da Emhur [Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional] dizendo que estão investigando um caso de estupro que um motorista de lotação cometeu contra uma passageira”, revelou.
Por fim, a mulher lamentou estar passando por isso junto com a filha. “Eu nunca esperava que isso aconteceria com ela logo às 6h30 da manhã. Isso acaba o dia de qualquer pessoa. Como mãe, entendo minha filha. Eu não queria que ela estivesse passando por interrogatório, entrevista, mas infelizmente isso aconteceu na minha família. Ela está traumatizada. Como é que vai pegar lotação agora?”, questionou.
Num áudio que supostamente seria do motorista, o homem afirma que a acusação era séria, por isso estava aguardando um advogado para irem juntos à Delegacia.
PREFEITURA – Sobre a denúncia, a Emhur informou que tomou conhecimento do fato, mas ainda não recebeu nenhum registro de ocorrência lavrado pela autoridade policial.
“Havendo evidência incontestável da ocorrência da conduta criminosa, a Emhur, atenta ao princípio da prevalência do interesse público, afastará preventivamente do exercício da atividade o motorista. A empresa ressalta ainda que qualquer efetiva punição somente poderá ser implementada através do procedimento administrativo próprio, assegurando aos envolvidos a ampla defesa e os meios a ela inerentes”, destacou a nota enviada à Folha.
POLÍCIA CIVIL – A Polícia Civil de Roraima, por meio da Delegacia da Mulher, em nota, disse que a especializada tomou conhecimento do crime por meio do registro de Boletim de Ocorrência que foi feito pela própria vítima e desde então está tomando todas as providências necessárias e realizando as diligências no sentido de elucidar o fato. (J.B)