Polícia

Jovem mata adolescente, se esfaqueia e morre no HGR

Segundo pai da adolescente, vítima e agressor tinham uma vida conturbada desde quando namoravam, ‘por questão de ciúmes e outras coisas da rotina da juventude’

A adolescente S.S.F., de 16 anos, foi morta a facadas pelo ex-marido na casa onde morava com os pais e irmãos. O crime ocorreu por volta das 9h30 de ontem, 13, na Rua Sebastião Ari Paiva, bairro Sílvio Leite.

Segundo informações da irmã, que foi testemunha ocular do crime, a adolescente foi chamada pelo ex-marido, identificado como o lutador de MMA José Leandro Ribeiro da Silva, 22 anos, com quem morou por cerca de um ano. Eles estavam separados há aproximadamente seis meses.

“Ele chegou batendo palmas, chamando e dizendo que queria conversar. Ela, boba, abriu o portão. Eu estava dentro de casa, fazendo comida. Antes de ele esfaquear minha irmã, já tinha um tempo que eles estavam conversando e eu só a ouvia dizendo ‘não, Leandro, eu não quero voltar’”.

Ainda de acordo com a testemunha, eles foram para frente da casa e a adolescente abriu o portão para Leandro sair, mas ele não saiu.

“Ficou insistindo para voltar, até que eu a ouvi gritando: ‘para, Leandro, para’. Eu corri e a vi no chão e ele com a faca”, detalhou em estado de choque a irmã.

A reportagem da Folha também conversou com pai da vítima que, apesar de muito abalado, ressaltou que na noite anterior à morte da filha, deu conselhos para que tomasse alguns cuidados quando fosse manter contato com Leandro.

“Eles tinham uma vida conturbada desde quando namoravam, por questão de ciúmes e outras coisas da rotina da juventude. Tinham brigas, separa e volta e acaba nisso. Eles se casaram, passaram um ano juntos, estavam separados há uns seis meses e ficavam nessa coisa de às vezes se encontrarem, e com certeza se encontravam escondido. Da última vez que conversaram foi anteontem, ela me contou e eu falei: ‘minha filha, tenha muito cuidado, ninguém pode confiar nesse tipo de gente porque a gente vê muita ocorrência’”, destacou.

Conforme o pai da vítima, o relacionamento do casal já durava quatro anos e o jovem era considerado pelo próprio pai agressivo.

“Segundo as informações do pai, ele agredia os próprios irmãos, mas ela nunca confessou que foi agredida”, acrescentou.

A reportagem soube que ano passado uma viatura da Polícia Militar teria ido à casa da jovem para atender uma ocorrência de “Maria da Penha”, no entanto, o pai dela disse que desconhecia qualquer fato desta natureza.

“Ontem à noite [terça-feira], eu conversei com ela sobre isso e pedi para tomar cuidado porque muita coisa ruim a gente vê acontecendo por aí, porque mulher é ingênua e vulnerável, acredita em tudo e o fim é trágico”, destacou.

O cunhado da vítima revelou que, mesmo retornando para casa, a adolescente continuava casada com Leandro.

“Eles eram casados no papel. Ele veio insistir para voltarem. Eu não convivi com ele, mas conhecia. Eu conversava com ela, mas nunca me contou sobre agressão da parte dele. Só dizia que ele era muito ciumento”, explicou.

Amigos e vizinhos da vítima formaram uma multidão em frente à casa da adolescente. A Perícia realizou os procedimentos técnicos, enquanto homens da Polícia Militar e do Giro (Grupamento de Intervenção Rápida Ostensiva) isolaram a área. Ao fim dos trabalhos periciais, o corpo foi removido pelo rabecão do Instituto de Medicina Legal (IML). Na tarde de ontem, o exame cadavérico foi realizado e a família fez a liberação do corpo para funeral e sepultamento.

SUICÍDIO – Depois de desferir ao menos quatro facadas na adolescente, o jovem tentou um suicídio e perfurou a própria barriga. As vísceras ficaram expostas e ele caiu ao lado do corpo da vítima. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas ao chegar, não conseguiu reanimar a adolescente. Já Leandro foi levado ao Pronto-Socorro Francisco Elesbão, no Hospital Geral de Roraima (HGR).

A Folha obteve a informação de que ele passaria por um procedimento cirúrgico, mas ainda na tarde de ontem, por volta das 16h, acabou morrendo em decorrência dos ferimentos e de uma hemorragia.

Segundo uma fonte da Folha, Leandro perdeu 80% do sangue. O corpo foi removido até a sede do IML para passar por necropsia antes de ser liberado à família. (J.B)

Lutador foi indiciado no NPCA por estupro de vulnerável há quatro anos

José Leandro Ribeiro da Silva morreu às 16h no Trauma do HGR (Foto: Divulgação)

Na tarde de ontem, a delegada Jaira Farias, que responde pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA), informou que José Leandro foi indiciado por estupro de vulnerável de S.S.F. em virtude de ter se relacionado com a garota quando ela estava com apenas 12 anos de idade. Entretanto, após este fato, a adolescente voltou a se relacionar com ele, e os dois viveram juntos em Alto Alegre. Ao completar 16 anos, a adolescente contraiu união estável em cartório com José Leandro.

“Ela se separou do ex-marido por causa do excesso de ciúme dele. Chegou a relatar a familiares que José Leandro não a deixava falar com os amigos, tinha muito ciúme e queria mantê-la presa a ele. O infrator tentava uma reconciliação, mas diante da negativa, praticou o crime”, disse a delegada.

O crime contra a adolescente foi encaminhado para ser investigado no NPCA. A delegada Jaira Farias aguardava informações sobre o estado de saúde de José Leandro, para autuá-lo em flagrante, quando foi comunicada de sua morte.

“Nesse caso, encerram-se as diligências na esfera policial com a juntada ao inquérito do atestado de óbito do infrator, sendo o referido procedimento relatado e remetido à Justiça para o consequente arquivamento em razão da extinção da punibilidade pela morte do agente”, esclareceu a delegada. (J.B)