A Polícia Militar (PM) prendeu preventivamente, nesta quinta-feira (26), o jovem suspeito de assassinar Francisco Cleomir Ferreira Maciel, de 49 anos. Daniel Soares de Araujo Filho, 25, foi localizado na vila Nossa Senhora da Penha, zona rural de Mucajaí, Sul de Roraima, mesma região do crime ocorrido no domingo (22).
A ordem para prendê-lo foi publicada nessa quarta-feira (25) pelo juiz plantonista Cleber Gonçalves Filho. Danielzinho, como é conhecido, passou a responder por homicídio qualificado, que inclui punições para motivo torpe. A pena varia de 12 a 30 anos de prisão.
Policiais da Força Tática, após receberem denúncias de onde o suspeito estaria, o localizaram acompanhado do advogado, o qual informou que seu cliente estava receoso de se entregar na delegacia de Mucajaí por causa de ameaças recebidas, e que estava colaborando com as autoridades.
Com a comoção social do assassinato, os agentes conduziram o acusado, sem algemas e acompanhado do advogado, para a Cidade da Polícia, em Boa Vista. A ideia era preservar a integridade física de Daniel Soares e evitar possíveis retaliações dos moradores.
O crime
A proprietária da residência, de 36 anos, palco da comemoração de fim de ano que terminou com o assassinato, contou à PM que estava no fundo do quintal quando a vítima invadiu seu terreno para fugir do suspeito e viu o momento em que o acusado desferiu golpes de faca em Francisco Cleomir e fugiu em seguida.
A esposa da vítima, 40, disse aos policiais da 4ª CIPMFron (Companhia Independente de Polícia Militar de Fronteira) que estava com Francisco Cleomir em um bar e, em determinado momento, o suspeito apareceu à procura dele, que havia saído.
Conforme a PM, o jovem disse a ela que iria matar o esposo e saiu. A mulher, minutos depois, ficou sabendo do assassinato e foi ao local do crime. Ela disse não saber a motivação do homicídio.
O advogado de Danielzinho, Ivan Hugo Marcondes Costa, afirmou que o cliente agiu em legítima defesa, porque Francisco Cleomir estava armado e tentou atirar no jovem, mas a arma travou. “O Francisco estava armado, sacou a arma, tentou atirar no Daniel, mas não conseguiu, a arma travou. Ele partiu para cima do Daniel e deu uma coronhada na cabeça do Daniel, inclusive, isso vai aparecer no laudo de corpo de delito. Na segunda coronhada, o Daniel colocou a mão na frente. Ele [Francisco] foi tentar desferir a segunda coronhada, o braço dele bateu no Daniel e a arma caiu no chão. E foi nesse momento que ele foi tentar juntar a arma no chão que o Daniel pegou uma das facas da mesa que estava cortando churrasco e provocou as perfurações nele que, segundo o Daniel, foram duas”, detalhou.
Ivan Hugo também disse que, no local do crime, estavam vários familiares de Francisco e que eles teriam mexido na dinâmica do assassinato, inclusive escondendo a arma da vítima. “Ficou complicado para comprovar os fatos da maneira como ocorreram, mas a defesa vai trabalhar para provar que o Daniel agiu em legítima defesa. E há várias testemunhas que viram siso acontecer”, completou.
À PM, moradores da região disseram que o suspeito, além de ser membro de facção criminosa, é conhecido por atuar no tráfico de drogas na vila. O advogado de Danielzinho disse “não ter a menor possibilidade” do jovem ser envolvido com facção e diz que essa suposição foi criada pela polícia para tentar ganhar apoio da população e assim localizar o acusado. “Daniel é um menino do interior criado lá, roçando juquira, fazendo cerca, cerrando madeira, tirando estaca como qualquer rapaz do interior”, destacou.