O Tribunal do Júri vai começar a julgar, neste mês, os dois homens acusados de matar o policial militar Uirandê Costa de Mesquita, 29, e a namorada dele, a empresária Joseane Gomes da Silva, 29. O crime ocorreu em agosto de 2020 e chocou Boa Vista devido à crueldade.
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Roraima (MPRR), as vítimas foram mortas por Ewerton de Freitas Andrade e Guilherme Tavares de Paula. O processo foi desmembrado pela Justiça.
O primeiro a passar pelo Tribunal do Júri será Guilherme de Paula, marcado para a próxima quarta-feira (19). Ele responde pelos crimes de duplo homicídio qualificado, ambos por motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de ocultação e destruição de cadáver e dano qualificado pelo uso de substância inflamável e por motivo egoístico. O MPRR vai sustentar a acusação no Júri os promotores de Justiça, Diego Oquendo e Lara Von Held.
Para Lara Von Held, espera-se um júri longo que contará com participação de família e amigos da vítima, cujas consequências da barbárie os alcança desde o dia do crime. “O júri está demandando intensa dedicação e estudo, e a atuação conjunta com o promotor de Justiça Diego Oquendo é em razão não só da gravidade do crime, mas pela empreitada criminosa dos envolvidos que será engajadamente debatida e demonstrada aos jurados. Espera-se a condenação em razão das fortes provas existentes, mas estará nas mãos da sociedade, mais uma vez, por meio do corpo de jurados, avaliar o ocorrido e dar seu veredito, fazendo justiça”, destacou a promotora.
O caso
Segundo o MP, Ewerton e Guilherme conheciam Uirandê. Eles o atraíram para a casa de Guilherme com um plano já acertado para matá-lo, mas, para a surpresa dos réus, Joseane acompanhava o namorado, Uirandê.
Os dois réus serviram bebida envenenada para Uirandê, o qual passou mal e ficou indefeso. Foi quando a dupla, a pretexto de ajudá-los, disse que os levaria para o hospital, mas o plano já era executar o casal. No caminho, Joseane foi brutalmente agredida e morta com um tiro disparado com a arma de Uirandê para incriminá-lo. Joseane foi deixada em uma rua deserta, no bairro Mecejana.
Uirandê também foi agredido. Ele foi golpeado na cabeça e enforcado. Ewerton e Guilherme seguiram com a vítima, já morta, e o carro dela para uma vicinal, nos arredores de Boa Vista. Lá, atearam fogo em Uirandê e no veículo. A polícia encontrou os restos mortais da vítima e o carro quatro dias depois. Os réus ainda tramaram uma versão para escapar da suspeita de envolvimento no assassinato do casal, mas depois confessaram o crime.
“Ambos os acusados intencionaram provocar a morte de Uirandê, servindo em sua bebida veneno e/ou outra substância redutora das funções psicomotoras, sendo que a presença de Joseane, situação imprevista pelos acusados, levou a que direcionaram suas intenções homicidas também a Joseane”, cita trecho da denúncia.
Segundo o promotor de Justiça, Diego Oquendo, o MP está confiante de que a sociedade roraimense dará ao caso a resposta adequada. “Todas as provas técnicas produzidas e todos os depoimentos colhidos desde a investigação foram confirmados na fase judicial e indicam a efetiva, segura e concreta participação dos réus no perverso homicídio das vítimas Uirandê Costa Mesquita e Joseane Gomes da Silva”, ressaltou.