Polícia

Justiça mantém prisão de padrasto por estupro e morte de bebê

O casal I. N. S., de 27 anos, (padrasto), e A. B. A. S., de 19 anos, (mãe), teve a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva durante audiência de custódia realizada na manhã deste domingo (23) em Boa Vista. Eles são acusados pelo estupro seguido de morte, concurso de pessoas e omissão de socorro de Samuel Brasil Araújo de Souza, de dois anos e três meses de idade, que morreu em decorrência da violência sexual, com hemorragia aguda.

O crime aconteceu durante a tarde de sexta-feira (21), no Projeto de Assentamento Bom Jesus, no município de Amajarí, região Norte do Estado. A situação só veio à tona após a criança chegar sem vida no hospital do município por volta das 3h de sábado (22). A Polícia Militar foi acionada pela equipe médica, pois o menino apresentava hematomas no rosto, no tórax e nos braços, além de hemorragia anal.

No hospital, a mãe da criança disse que o garoto tinha passado mal após comer um pedaço de bolo e que tinha chegado a vomitar. O corpo da criança foi removido ao Instituto Médico Legal (IML) para passar pelo exame cadavérico. Lá, a equipe confirmou a violência sexual provocada por penetração no ânus, que causou o rompimento de órgãos internos da criança.

A delegada titular de Pacaraima, que atende ao município de Amajarí, Rozane Wildmar, disse que como se tratava de uma suspeita de abuso sexual, uma vez que a criança estava com hemorragia anal, somente após o resultado do exame cadavérico é que poderia prender o principal suspeito do crime, o padrasto do garoto, I. N. S.

“Tínhamos que ter cautela em relação ao caso. Entretanto, atuamos em parceria com a Polícia Militar, realizamos diligências junto ao IML, para sabermos o resultado do laudo cadavérico da criança. À tarde, com o resultado do laudo, solicitamos aos policiais militares, que estavam na região, para prender o casal e trazê-los a Pacaraima” disse a delegada.

De acordo com o Capitão Igo Mayco, comandante da 1ª Companhia Independente de Polícia Militar de Fronteira (1ª CIPMFron) de Pacaraima e também responsável por Amajarí, as guarnições estavam atentas para evitar uma possível fuga do padrasto. “A Polícia Militar manteve monitoramento do suposto infrator até a Polícia Civil repassar mais informações. Após essa confirmação na parte da tarde, é que se teve a certeza para realizar a prisão do suspeito”, disse.

Já a mãe do garoto, ao ser interrogada, afirmou que saiu de casa na sexta-feira, por volta das 16 horas. Ela contou que deu um pedaço de bolo para o garoto comer e, também, para uma filha de um ano e três meses. Depois disso, a mulher conta que saiu para vender bolo e que as crianças ficaram aos cuidados do padrasto. Ela disse ainda que retornou uns 30 minutos depois e que o filho já estava passando mal.

Segundo a mulher, o marido dela lhe disse que o garoto não estava bem e que o bolo podia ser a causa. O menino teria vomitado e, mesmo após tomar um analgésico, não teve melhora na madrugada. Neste momento, eles decidiram ir atrás de socorro e levaram a criança ao hospital. Ela teria percebido que ele já estava morto em seus braços.

O suspeito negou ter abusado sexualmente da criança e de tê-lo agredido fisicamente. Deu a mesma versão da mulher, de que o menino passou mal após comer um pedaço de bolo. Os dois negaram que algum estranho tenha ido à casa e que somente estaria o casal e as duas crianças, que teriam ficado sozinhas com o padrasto quando a mãe saiu para vender bolos.

De acordo com a delegada, o comportamento da mãe da criança é frio e não condiz com o de uma pessoa que acabou de perder o filho de uma forma tão violenta. “Não vi uma lágrima, nenhuma expressão de dor”, destacou.

Uma tia da suspeita disse aos policiais que ela nunca criou o filho. O garoto era cuidado pela avó materna praticamente desde que nasceu, mas que há quatro dias, a avó do garoto viajou para trabalhar em um garimpo e deixou o neto com a filha.

“A criança teve um longo sofrimento. Ela disse que o garoto comeu o bolo e estava passando mal desse às 16 horas. Entretanto, somente foi em busca de socorro umas 3 horas da madrugada, após o menino ter desmaiado. Ou seja, onze horas depois. Ela não acompanhou a criança para o IML, ficou na cidade. Tanto, que quando foi presa estava andando numa rua da localidade de lá”, detalhou a delegada.

Para a Polícia, a versão do casal é uma “história cobertura”, para tentar mascarar o crime e que o garoto foi abusado sexualmente pelo padrasto e a mãe está acobertando o marido.

“Nenhum dos dois confessa o crime. Eles negam e se apegam à história da criança ter comido o bolo. Essa criança foi abusada sexualmente, sofreu muito. Houve omissão de socorro, pois se viram que a criança estava passando mal, porque não procuraram logo, socorro? Como foram mantidos presos na Audiência de Custódia, teremos dez dias para concluir o procedimento, com o relatório. Nesse período pretendemos ouvir outras pessoas, vizinhos e a pessoa que prestou socorro à criança”, disse a delegada.