Polícia

Médicas denunciam furto de roupas em centro cirúrgico

Segundo as denunciantes, vários boletins de ocorrência foram registrados pelas vítimas de furto e nenhuma providência foi tomada pela direção

O expediente de trabalho para duas médicas cirurgiãs que atuam no Centro Cirúrgico do Hospital Geral de Roraima (HGR) terminou com muito transtorno. Elas tiraram suas roupas, deixaram guardadas no vestiário, puseram vestes próprias para realizar as funções e quando retornaram, não encontraram seus pertences. As vítimas registraram boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia e reclamaram que casos de furto acontecem há muito tempo dentro da unidade hospitalar, e que não há segurança para os servidores.

“Estávamos eu e minha colega operando, somos cirurgiãs. Nosso dia de cirurgia é terça-feira à tarde. Deixamos nossas roupas numa sala privativa para funcionárias do Centro Cirúrgico, ou seja, pessoas que acompanham pacientes não têm acesso a esse local. Lá tem um cabideiro na parede porque não há armários. É uma reivindicação antiga, mas nunca nos atenderam. Por motivo de assepsia, para não carregar os germes da rua para o Centro Cirúrgico, temos que, obrigatoriamente, tirar as roupas e vestir a roupa exclusiva para o trabalho, conhecida como pijama de hospital. Fizemos esse procedimento e entramos para as cirurgias às 13h. Quando saímos, que fomos trocar de roupa no vestiário, não encontramos nossas vestimentas”, detalhou uma das vítimas.

Para esclarecer os fatos, as duas médicas chamaram todos os funcionários que trabalham no mesmo setor e descobriram que ocorrências desta natureza são frequentes. “Inclusive uma colega, também cirurgiã, foi furtada semana passada. Acontece com enfermeiras, técnicas em enfermagem que também trabalham no Centro Cirúrgico. Todas registraram B.O [Boletim de Ocorrência]. Ou seja, está acontecendo há meses. Várias pessoas foram furtadas no vestiário enquanto estavam trabalhando”, reforçou.

Para reivindicar que alguma medida fosse tomada, as vítimas afirmaram ter ido à sala da Direção, mas não tiveram as respostas que gostariam. “Ela nos falou que já fizeram de tudo e que não pode fazer mais nada porque comunicou à Sesau [Secretaria Estadual de Saúde] e que não poderia adquirir material porque quem tem que adquirir armário é a Sesau. Nós reforçamos que a direção precisa exigir providências. Somos servidoras e estamos trabalhando”, acrescentou.

Por fim, as duas médicas saíram do Hospital com as roupas de trabalho e foram para a Delegacia fazer o registro da ocorrência. “O que é mais difícil nessa situação é o descaso, não é pela roupa furtada. Eles [diretores] sabem que está acontecendo sistematicamente toda semana. Várias pessoas foram vítimas e claro que não podemos ver isso como normal. Que segurança temos para trabalhar? Nós fizemos o B.O e vamos entregar um documento à Direção-Geral nesta quarta-feira [dia 6]”, ressaltou a médica.

OUTRAS VÍTIMAS – A reportagem da Folha conversou com mais duas cirurgiãs, uma enfermeira e uma técnica em enfermagem e todas confirmaram que os crimes estão ocorrendo e que foram vítimas. “Infelizmente é verdade o que aconteceu. Lamentável essa situação que estamos passando. Com todas as dificuldades que já passamos, agora não temos segurança no nosso ambiente de trabalho. Vale ressaltar que não fomos somente nós, médicas. Nossas colegas enfermeiras e técnicas de enfermagem que trabalham no centro cirúrgico já foram vítimas também, de furto dentro do vestiário, e todas as vezes levaram as roupas”, revelou.

Uma das vítimas contou que no fim da tarde de ontem a administração do Hospital entrou em contato para informar que estão buscando nas imagens das câmeras o autor do crime para tentar identificá-lo. “A minha indignação não é pela blusa ou calça, mas pela falta de segurança no nosso ambiente de trabalho, uma vez que esse é um setor fechado do hospital”, enfatizou.

A médica citada pelas amigas complementou sobre o ocorrido na semana passada. “Aconteceu comigo. Na realidade esses furtos são constantes no centro cirúrgico, não somente com médicos, mas com outros funcionários. É constrangedor ter que voltar pra casa com uma roupa privativa do centro cirúrgico, que além de inapropriada é cheia de bactérias hospitalares. Nós não temos nenhuma segurança lá”, observou.

As demais vítimas declararam apoio às médicas e que irão participar das mesmas reivindicações. 

SESAU – A Folha entrou em contato com Sesau para que se manifestasse sobre as denúncias e, por meio de nota, eles informaram que as ocorrências de furtos denunciadas pelos servidores já estão sendo analisadas pela Direção Geral do HGR, para serem adotadas as medidas cabíveis. Também explicou que foi aberto processo para contratação de uma nova empresa especializada em segurança não armada para as unidades de saúde do Estado, o que inclui também o HGR (Hospital Geral de Roraima). “O serviço era realizado pela Vril, que teve contrato suspenso após ser alvo de um auto de infração pela Polícia Federal. A Secretaria esclarece ainda que em razão da suspensão dos serviços, a vigilância das unidades tem sido feita com apoio da PMRR (Polícia Militar de Roraima).” (J.B)