Polícia

Mensagens de celulares mandam bandidos atacarem em Boa Vista

Dentre às mensagens publicadas em um grupo de um aplicativo de conversas para celulares, os bandidos exigem que seja depositado dinheiro para comprar armas e pagamento de advogados

Uma abordagem de rotina realizada na última sexta-feira, dia 05, em via pública, no bairro Senador Hélio Campos, por volta das 20h45, a um suspeito – que não terá a identidade revelada para não atrapalhar as investigações da Polícia – acabou revelando um grande esquema de destruição que está por vir, a veículos e prédios do poder público em Boa Vista, comandado por presos de dentro e fora dos presídios. Com o suspeito a Polícia apreendeu uma motocicleta produto de furto/roubo e um celular.
Essa destruição, que começou com um incêndio ocorrido na madrugada da última quinta-feira, dia 04, a veículos da Prefeitura Municipal de Boa Vista, segundo mensagens postadas em um grupo intitulado “Comando Vermelho”, em aplicativo de conversas para celulares, é em represália às mudanças ocorridas no sistema prisional do Estado, após a última rebelião, onde parte da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), foi destruída pelo fogo.
Às ordens, partiriam da organização criminosa Comando Vermelho (CV), que parabeniza o atentado ocorrido contra os veículos e ressalta que não foi como o esperado, “mas o que vale é a intenção”. Segue mensagem postada na íntegra, logo abaixo das fotos dos carros queimados.  “Esse tipo de atitude fortalece nois. E isso ai mesmo meus irmaozinhos. Tão somando com o crime de boa. Missao dada, missao cumprida, bandido demais CV-RR, ate depois do fim… Vamo taca fogo entudo irmao, isso é só u começo” (sic).
A conversa entre os participantes continua e outro integrante diz: “Vamo taca fogo nas viaturas. O sistema tao oprimido nossos irmao e humilhando os familias… e ai vamo ficar parado? Vamo fazer acontece, mas mexendo cm o governo, não cm a sociedade” (sic).
Então eles comentam sobre a cobertura da imprensa e dizem que todos devem assistir às matérias veiculadas nas emissoras locais.
O outro assunto em pauta no grupo, é com relação a uma “caixinha” em que eles devem fazer depósitos para ajudar os “irmãos” que forem posteriormente presos – no quesito despesas advocatícias – e para comprarem armamento tipo: “muita PT [Pistola .40], 38 [revólver calibre 38] e fuzil”. E lembram que o dinheiro deve ser depositado na “caixinha” até dia 10 e que uma pessoa, fora do presídio, estará responsável por recolher este montante e colocar no banco.
O outro assunto tratado pelo grupo é com relação a um possível “cagueta” ou “X-9”, que no mundo do crime quer dizer “aquele que falou demais”. Numa espécie de mesa redonda eles discutem o futuro dessa pessoa: “Ei [cita o nome do interlocutor] vamo respeita o irmao [cita o nome do suposto X-9] pq fala todo mundo fala, pq se num aparece prova pra nois puni o irmao o irmao tem de ser respeitado ate nois te certeza de tudo… – Concordo com o irmao, mas que ele vacilou ele vacilou, isso é fato… e contra e fato não a argumento. Mais vamo deixar isso ai por conta do nosso líder. Pois quem tem um líder tem que aguardar a voz do líder” (sic).
Com relação ao suspeito preso, apesar de muito claro o fato dele interagir entre o grupo, ele nega qualquer participação na organização. Diz que foi incluído no grupo sem pedir e que por várias vezes já foi convidado a participar de crimes, mas que nunca aceitou.
Alegou que a motocicleta que estava com ele, tinha lhe sido vendida um dia antes por R$ 600,00 por uma pessoa que ele só sabe o apelido e que desse total teria pago apenas R$ 200,00.
Ainda nas mensagens interceptadas, o suspeito fala sobre outra moto, roubada por ele, que estava escondida, mas que foi apreendida pela Polícia: “Era essa moto ae manoh, que tinha pegado… pra vc mais os vermes [policiais] pegaro ela” (sic).
O suspeito foi preso e autuado em flagrante por receptação, previsto no artigo 180, por associação criminosa, ambos do Código Penal Brasileiro (CPB). Ele foi encaminhado à Pamc, onde deve permanecer à disposição da Justiça.
SEJUC – A Folha tentou contato com o titular da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), mas sem sucesso.