A Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), protocolou denúncia neste domingo, 04 de dezembro, contra o médico neurocirurgião Fabrício Freitas de Almeida, de 44 anos, acusado de espancar sua esposa, uma fisioterapeuta de 34 anos.
Fabrício foi preso em flagrante pela Polícia Militar na madrugada de sábado (27), e teve a prisão preventiva decretada na audiência de custódia, estando na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo por ordem judicial, após ser autuado por tentativa de feminicídio.
Como a série de agressões começou dentro da casa do casal, na presença dos filhos e de uma babá das crianças, o Ministério Público informou que por conta do envolvimento de menores no caso, somente se manifestará em momento oportuno sobre a situação
O caso
A vítima contou à polícia que saiu com o marido, foram a um bar e depois retornaram para casa e que por conta de ciúmes, o marido a agrediu fisicamente, chegando ao ponto de tentar estrangulá-la. Ela contou, ainda, que o suspeito chegou a arrastá-la e só cessou as agressões quando vizinhos escutaram os gritos e a abrigaram.
Ela afirmou que as agressões ocorreram na frente dos filhos e, por temer pela própria vida, pediu medidas protetivas para ela e as crianças.
A vítima também entregou à Polícia os vídeos que registraram as agressões. Ela disse ainda que o médico não faz tratamento psiquiátrico, não tem depressão e nem toma remédio controlado.
Repercussão
O episódio de violência chocou a sociedade roraimense, principalmente as mulheres, que reagiram ao fato em uma campanha nas redes sociais, denominada “Afasta de nós esse cale-se #carolestamoscomvoce”, em que pedem o fim da violência contra a mulher.
A frase é como uma adaptação da declaração de Jesus na Bíblia Sagrada. Mas para essa ocasião, é usado o verbo “cale-se” no imperativo, o que seria um parônimo do “cálice” dito pelo mestre cristão. Referência parecida também foi feita pelo cantor e compositor Chico Buarque na canção “Cálice”, que se tornou um hino contra a ditadura militar no Brasil.
A OAB-RR (Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima), por meio da Comissão da Mulher Advogada, manifestou solidariedade à fisioterapeuta, definiu a agressão como “inaceitável” e “inadmissível”, e defendeu medidas de conscientização e enfrentamento para “estancar este mal social”.
“É inaceitável que fatos como este, que evidenciam a misoginia, ocorram em plena campanha nacional de ‘21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher’, realizada em todo o país pelas CMA’S [Comissões da Mulher Advogada]”, disse, em nota.
CRM
O Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) também informou que irá apurar a conduta do médico.
“[O CRM] vem a público repudiar veementemente todo e qualquer ato de violência contra a mulher. Prestamos solidariedade à fisioterapeuta vítima de violência, como foi divulgado em redes sociais e na imprensa local”, informou o conselho em nota.
A entidade informou que tomará as providencias éticas cabíveis caso Fabrício seja punido.