Polícia

Moradora denuncia ação da PM em Roraima

Filho da moradora andava de moto com amigo em via pública sem capacete. Ela alega que abordagem foi agressiva para crime de trânsito. Segundo a PM, os agentes teriam recebido a informação de que a motocicleta era roubada

Um vídeo de um acontecimento ocorrido na manhã de sábado, 18 de abril, ganhou repercussão nos últimos dias nas redes sociais e serviços de mensagem instantânea em Roraima.

A gravação, de 4 minutos, mostra a ação de equipes da Polícia Militar (PMRR) ao realizar a apreensão de dois homens, dentro de uma residência na Avenida Rio Grande do Sul, no bairro Dos Estados, zona Norte da Capital.

Segundo informações da proprietária da residência, a funcionária pública federal aposentada Dirlene da Costa Pinho, de 56 anos, foi acordada no sábado pela manhã, 18 de abril, por volta das 07h da manhã, por gritos dos seus familiares.

”Não tava entendendo nada. Quando vi vários carros de polícia, vários policiais dentro da minha casa, o meu neto de 3 anos na janela presenciando tudo e ninguém me explicou o que tava acontecendo. Arrombaram o meu portão e agrediram o meu filho e ninguém perguntou quem era o dono da casa”, explicou.

O CASO

De acordo com Dirlene, a explicação dada pelo seu filho, André Luis, era que ao retornar para casa de uma festa com um amigo de carona em uma motocicleta sem os dois utilizarem o capacete, foram interceptados por uma viatura da polícia. Segundo Dirlene, a moto seria do amigo de seu filho, porém não soube informar o nome do rapaz.

Ainda de acordo com aposentada, a razão pela falta de uso seria que os dois retornavam da festa ocorrida em uma boate na zona Leste da Capital, onde houve um atropelamento de quatro pessoas. O motorista da motocicleta também sofreu escoriações e com a confusão por conta do acidente de trânsito, os dois capacetes teriam se perdido. Foi quando eles decidiram retornar sem o uso do item obrigatório.

No momento do trajeto, ao chegar próximo a residência, uma equipe policial ao perceber a atitude suspeita, solicitou que os dois homens parassem, ato que não foi atendido.

Segundo Dirlene, os jovens estariam com medo de uma abordagem truculenta da polícia e por isso teriam tomado a decisão de continuar o caminho até em casa.

Ao chegarem à residência, os dois teriam entrado na garagem, fechado o portão da casa e teriam virado a motocicleta com a placa para o portão, entrando em uma discussão com os policiais, ao solicitar que os agentes produzissem as multas e penas cabíveis para a infração de trânsito.

Pouco tempo depois, outras viaturas da polícia chegaram ao local, momento em que adentraram a residência e acordaram a dona de casa. Segundo Dirlene, eram cerca de cinco viaturas, além das motocicletas.

Dirlene disse que ao perceber a movimentação, percebeu que seu filho tinha feito algo de errado. “Achei que ele tinha feito algo de errado, mas não achei que fosse por causa de um capacete. Parecia uma operação pra se prender traficante”, disse.

O filho mais novo de Dirlene, de 23 anos, foi o responsável pela gravação do vídeo. “Ainda tentaram tirar o celular do meu filho, mas eu vi antes, tomei dele, joguei pra dentro de casa e pedi pra minha amiga continuar filmando”, disse a aposentada.

Após a ação dos agentes, os dois homens foram encaminhados para a Delegacia, onde foram liberados pouco tempo depois.

A aposentada comentou ainda que registrou um Boletim de Ocorrência sobre a questão e pretende se dirigir ao Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima para procurar pelos seus direitos. “Quero saber se a polícia tem o direito de fazer isso, sem me dirigir a palavra”.

OUTRO LADO

O Comando Geral da Polícia Militar informa por meio de nota encaminhado pela Secretaria de Comunicação do Governo (Secom) que a respeito do vídeo que circula nas redes sociais envolvendo uma abordagem policial, imobilização e condução de um cidadão, trata-se de uma situação em que, os policiais militares haviam recebido a informação de uma motocicleta que havia sido roubada e estaria sendo utilizada em assaltos pela cidade. 

O fato ocorreu quando o referido cidadão estava conduzindo a motocicleta sem capacete e recebeu ordem de parada dos policiais, vindo a desobedecer, empreender fuga e adentrar em uma residência. O ingresso dos policiais no domicílio se deu em situação de flagrante, conforme o Art. 5º, inciso XI da Constituição Federal de 1988.

Entretanto, esclarece ainda que, o caso será encaminhado para análise da Corregedoria da Polícia Militar e, caso seja constatado abuso por parte dos policiais serão instaurados os procedimentos para sanção disciplinar.

E ainda, qualquer cidadão que se sinta prejudicado, deve procurar a Corregedoria daquela Instituição, que tem a atribuição de apurar fatos relacionados à atuação de policiais militares durante serviço, a Corregedoria funciona nas sede do Comando Geral, localizado Avenida  Capitão Ene Garcez, 1769, Mecejana, Boa Vista – Roraima.