Quem mora na Rua Vovó Júlia, no bairro Caimbé, sentia um mau cheiro desde a segunda-feira, 18, mas não sabia de onde vinha nem do que se tratava. Na manhã de ontem, 21, a dona de uma loja decidiu pagar a um homem para abrir um saco plástico que estava coberto por pedras e ao lado de um monte de barro. Todos suspeitavam que dentro do saco houvesse a carcaça de algum animal, mas descobriram que se tratava de um cadáver.
A Polícia Militar foi acionada e isolou a área até a chegada de peritos da Polícia Civil, bem como de agentes da Delegacia Geral de Homicídios (DGH). Os próprios peritos abriram completamente o saco, expondo o cadáver que estava amarrado com pedaços de tecido. Quem amarrou o corpo o transformou num “pacote”, possibilitando ser embalado no saco e deixado no local sem levantar muitas suspeitas.
Nenhum documento da vítima foi encontrado. Além disso, no pescoço havia marca de sangue, no entanto, não foi possível observar qualquer perfuração aparente. O cadáver estava vestido com uma camisa de algodão de tom azul claro, bermuda tectel, também conhecida como bermuda de surfista. Devido ao avançado estado de decomposição, as tatuagens não estavam aparentes.
A reportagem da Folha acompanhou todo o trabalho policial. Até mesmo os peritos, que estão habituados a lidar com o mau cheiro de corpos, tiveram dificuldades para se manter próximos e realizar os procedimentos técnicos. De acordo com uma moradora, que vive numa casa ao lado de onde o “pacote” foi deixado, desde segunda-feira sentiam o cheiro podre e suspeitam que o saco tenha sido deixado no local durante a madrugada de segunda-feira.
Câmeras de segurança, de casas que ficam nas proximidades, estão apontadas para a rua e podem ajudar a polícia a esclarecer os fatos. “A gente não se deu conta de que tinha um saco aqui porque estava totalmente encoberto por pedras. Só hoje foi possível vê-lo, porque à medida que o corpo foi inchando, as pedras foram se deslocando. Mas nós estamos muito assustados com o que vimos”, declarou uma moradora.
Investigadores conversaram com a vizinhança e devem pedir acesso às imagens capturadas pelas câmeras. O rabecão do Instituto de Medicina Legal (IML) removeu o corpo e na tarde de ontem familiares fizeram o reconhecimento pelas tatuagens. A vítima foi identificada como Orleans de Melo Moraes, de 40 anos, que chegou recentemente a Boa Vista, vindo de Manaus, e estava desaparecido. A morte, segundo a cópia do laudo, foi causada por estrangulamento.