Um jovem, de 25 anos, quase conseguiu enganar a Polícia Militar e a Polícia Civil na noite da quarta-feira, dia 22, depois de inventar uma história na qual dizia ser vítima de um sequestro praticado por quatro indivíduos enquanto trabalhava como motorista de aplicativo em seu veículo Volksvagen Gol, cor branca. A versão só não se sustentou porque três vítimas dos crimes praticados por ele compareceram à Delegacia e o reconheceram como autor dos delitos.
Segundo a guarnição da PM, o jovem, que se passava por vítima, foi levado ao 2º Batalhão da PM por ter sofrido um sequestro enquanto trabalhava pelo aplicativo e ele contou em sua versão que uma mulher foi quem acionou o serviço para que ele fizesse a corrida do bairro Caimbé até o bairro Paraviana, mas quando chegou ao local, quatro indivíduos entraram no automóvel e foram até o final do percurso, dizendo que eram pintores e que iriam fazer um orçamento em uma residência.
Chegando ao destino, anunciaram o assalto, obrigaram que ele entrasse no porta-malas, tomaram seu aparelho celular e rodaram pelas ruas da Capital com ele no porta-malas, ocasião em que usaram o veículo para praticar assaltos e que um dos crimes foi praticado no bairro Raiar do Sol, quando os indivíduos roubaram dinheiro. Ao ser perguntado sobre como sabia que dinheiro foi roubado se estava na mala do carro, ele mudou de assunto e adiantou a história, relatando que seu carro foi abandonado na esquina da Rua Cruzeiro do Sul com C-35, no bairro Dr. Sílvio Leite.
O suspeito disse que saiu do porta-malas, por uma passagem interna removível, assumiu a direção do carro e se deparou com uma viatura da Força Nacional, que o conduziu até o 2º Batalhão. A equipe da PM decidiu ir com a falsa vítima até o cruzamento onde teriam abandonado seu carro e no trajeto ele entrou em contradição, afirmando que eram três homens e não quatro, mas depois voltou atrás e reafirmou que, de fato, eram quatro assaltantes.
No local onde a corrida havia começado, os policiais encontraram a solicitante do serviço. A jovem afirmou que não conhecia os criminosos e que eles pediram para chamar um motorista pelo aplicativo para irem até o Hospital Geral de Roraima (HGR) e que ao saírem, um deles pegou seu número e disse que ainda naquela noite iriam jantar juntos. No celular dela havia uma mensagem que ela enviou para uma amiga, falando sobre o encontro com o desconhecido. Ela manteve a versão de que não conhecia os indivíduos, mas a PM estranhou os fatos, motivo pelo qual, levou a falsa vítima e a jovem para o 4º DP e, de lá, a ocorrência foi encaminhada para a Central de Flagrantes do 5º DP.
Na Delegacia, a equipe da PM começou a elaborar o Relatório, mantendo a versão do rapaz como vítima de sequestro e roubo, uma vez que também disse terem levado seu celular e o faturamento do dia, um total de R$ 180. Ele ainda contou que, dos quatro elementos, três estavam armados com revólveres.
Vítimas reconheceram autor do crime na Delegacia
O indivíduo estava bem vestido, acima de suspeitas, até ser visto pelas vítimas (Foto: Divulgação)
Quando os policiais terminaram de escrever o Relatório e entregaram à Delegada responsável pelo caso, ficaram aguardando as oitivas, mas no local chegou uma empresária, dona de uma madeireira no loteamento João de Barro, e assim que viu o jovem tomou um verdadeiro susto, ficou muito nervosa e, sem titubear, afirmou que ele foi o autor do assalto que ela iria registrar naquele momento. Na ocasião, o rapaz teria roubado dela dois aparelhos celulares e mais o telefone de um de seus funcionários. A guarnição recebeu a notícia com espanto, mas acreditou na reação genuína da empresária.
A vítima revelou que o jovem foi quem apontou a arma para a cabeça dela depois de chegar em um carro branco, descendo sozinho e indo em sua direção, com arma em punho, rendendo ela e o funcionário. Antes do veículo ir embora, a vítima anotou a placa e ao ser conferida com o veículo do suspeito, confirmou ser o mesmo. O funcionário foi chamado pela patroa e prontamente identificou o jovem como autor do assalto, confirmando a versão da empresária.
Além deles, também chegou um jovem, de 19 anos, contando que também foi assaltado no bairro Raiar do Sol, na esquina da Rua Estrela Bonita com Eclipse, e dele roubaram o celular Samsung J8 e não dinheiro, como o suspeito havia relatado aos policiais. A vítima disse que foi “fechada” pelo veículo branco, um indivíduo desceu armado, apontou a arma, tomou o celular e mandou que corresse. Assim como as demais vítimas, o jovem reconheceu o motorista de aplicativo como o responsável pelo assalto.
Diante dos fatos, os policiais deram voz de prisão à falsa vítima, descobrindo que se tratava de um farsante e que toda a história foi inventada para fugir da possibilidade de ser incriminado. O suspeito ficou calado e, segundo os policiais, sequer tentou rebater as versões contadas pelas vítimas, todavia negou para a delegada que teria praticado os crimes. Com base nas provas que reforçam a materialidade do crime, a autoridade policial lavrou o Auto de Prisão em Flagrante (APF) contra o sujeito por roubo qualificado, conforme o art. 157 do Código Penal Brasileiro (CPB).
O indivíduo ficou detido numa das celas da Unidade Policial até a manhã de ontem, dia 23, quando foi encaminhado à Justiça em audiência de custódia, a fim de que a Justiça decida que medidas tomar em relação à conduta do suspeito que, por ironia, está na lista de classificados no concurso em andamento da Polícia Militar de Roraima (PMRR). (J.B)