A delegada Verlania Silva de Assis, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), revelou que oito a dez mulheres solicitam medidas protetivas diariamente em Boa Vista. A declaração foi feita durante a edição de domingo (18) do programa Agenda da Semana, da Folha FM.
“Muita mulher gritando por ajuda, procurando sair desse ciclo de violência […]. Precisamos dizer pra homens e mulheres que a ingestão de bebida alcoólica em que há um momento em que a pessoa está embriagada e, portanto, não ciente das próprias decisões, de que uma relação sexual nesse momento pode configurar estupro”, alertou ela, ressaltando que as medidas protetivas duram o tempo que for necessário para a vítima se sentir segura.
Na opinião dela, combater o problema depende de fatores, como a união da sociedade e a compreensão geral acerca da importância do respeito e de que a violência contra a mulher, praticada especialmente dentro do ambiente familiar, é uma conduta criminosa e deve ser denunciada, mesmo que anonimamente, por números como 100, 180 e 190. “Muitas pessoas não creditam a violência no lar como crime”, lamentou.
Segundo a delegada, apenas a segurança pública não resolve o problema formado por diversos fatores, incluindo a falta de apoio da própria família à vítima de agressão. “Sem esse apoio, ela não é resgatada desse ambiente violento. Ele perpassa pela família. É necessário que essa família não julgue. A violência contra a mulher adoece toda a família”, destacou.
“Por que temos mulheres que se retratam da ocorrência? Porque elas não têm esse apoio […]. É na família que devemos encontrar apoio, fortalecimento pra essa mulher desenvolver autoestima, autonomia econômica”.
A delegada também defende que, no contexto atual em que as mulheres passaram a ocupar os espaços de poder, deve haver uma divisão de responsabilidades domésticas com o homem. “Sem a participação do homem neste combate à violência, estamos fadados ao fracasso, porque o homem tem que entender sua corresponsabilidade. Homem e mulher são formadores dessa família, que vai viver em harmonia e feliz, que vai formar uma sociedade também harmônica”, pontuou.
Onde procurar ajuda
Verlania ressaltou que a vítima pode procurar a Casa da Mulher Brasileira, que funciona 24 horas, onde estão instalados todos os órgãos públicos que poderão protegê-la: a Deam, a Defensoria Pública do Estado (DPE-RR), o Ministério Público de Roraima (MPRR) e a Justiça. “A mulher precisa ir a apenas um local”, reforçou a delegada, que explicou ainda que a vítima também poderá pedir benefícios sociais que a ajudem a obter a independência do parceiro agressor.
Verlania Assis citou que a mulher precisa se atentar a sinais que indicam um comportamento violento do homem, como ciúmes excessivos e situações em que a mulher não é vista no relacionamento. “São alguns indícios que precisamos observar porque, quando estivermos em um relacionamento mais íntimo, esse comportamento vai ser potencializado com qualquer recusa sua”, alertou.
“Nós mulheres precisamos ter cuidado com quem nós trazemos para perto de nós, com quem trazemos para dividir a vida, porque violência na família e no aspecto sexual dificulta o acesso dos órgãos de segurança da mulher. É necessário que essa mulher tenha cuidado, fique alerta com esses sinais e procure, grite por ajuda, não deve nunca se envergonhar”, disse.