O bolso do consumidor boavistense não para de apertar. O motivo da vez é o preço do quilo da carne bovina, que sofreu seu terceiro reajuste do ano na semana passada. Em escala nacional, um dos motivos do reajuste são as exportações para a China e a alta do dólar. Em Roraima, a Cooperativa de Agropecuária (Coopercarne) informou que a variação foi necessária devido à baixa oferta do boi gordo no estado.
Este foi o terceiro e maior aumento do produto durante 2019. No mês de abril, a porcentagem anunciada foi de 2,86%. Já em julho, o reajuste foi de 1,86%. Em supermercados e açougues da Capital, as vendas ainda são consideradas satisfatórias para os gerentes. O consumidor que sentiu o impacto, por sua vez, começa a se adaptar a novos hábitos de consumo.
É o caso de Wanda Ferreira, que optou por diminuir o consumo da carne vermelha. “Durante as compras do mês, percebi que eu estava levando a mesma quantidade de carne e pagando quase R$ 60 a mais. Como já era uma vontade antiga parar de consumir, nós aproveitamos o momento para iniciar essa nova fase”, explicou a autônoma ao dizer que deixou de gastar quase R$ 100 reduzindo o consumo.
Outros consumidores, no entanto, tentam driblar o reajuste escolhendo outros cortes e até mesmo outras proteínas quando o assunto é churrasco. O auditor Carlos Souza, por exemplo, tem evitado comprar carnes consideradas nobres. “Não cheguei a diminuir meu consumo, mas a mudar o corte que eu levo. O dinheiro que eu gastava pra comprar um quilo de picanha, eu gasto agora comprando maminha”, contou.
Na contramão, há também a parcela da população que ainda mantém os hábitos de consumo utilizados antes do reajuste. Nesse grupo está o mecânico José Augusto. Ele relatou à reportagem que observou um aumento de quase R$ 50,00 nas compras, mas que ainda não decidiu o que fazer. “No final do mês, é um dinheiro que faz falta, mas vou tentar manter o consumo, por enquanto”, falou.
Reajuste da carne não prejudicou vendas, segundo gerentes
Em alguns mercados as vendas de carne aumentaram, dizem gerentes (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)
A reportagem percorreu supermercados e açougues localizados nas quatro zonas da Capital para saber os impactos que o reajuste trouxe aos estabelecimentos. No entanto, gerentes e responsáveis declararam de forma unânime que não tiveram prejuízo com vendas até o momento. Em um supermercado no Pricumã, o gerente Jameson Sampaio explicou que o aumento de quase 10% no preço final do quilo da carne bovina não afetou a loja. “Eu estudei a concorrência e sei que o preço da minha carne está bem abaixo. Alguns clientes reclamam do preço, mas quando pesquisam, sabem que aqui o valor está em conta”, contou. No Bairro dos Estados, o gerente de um açougue, Alisson Bruno, constatou um aumento de 15% na compra. Para o consumidor, no entanto, o reajuste no preço final não foi impactante. “Aumentamos R$ 1 por quilo. No caso, as vendas não caíram, mas sabemos que se houver outro reajuste isso pode mudar”, finalizou.
Economista orienta consumidores na hora das compras
Com o aumento do preço da carne bovina, é de se esperar uma diminuição no consumo ou até mesmo a substituição da proteína. Frente a isso, o economista Vito Souza destacou a principal orientação aos consumidores que querem poupar, sem precisar se prejudicar. “Pesquisa. Quando o consumidor estiver no varejo, deve procurar promoções ou cortes mais baratos. Para quem vai substituir, o alerta é que seja feito um histórico do preço desse substituto (seja frango, peixe ou porco). Acontece que a procura por esses produtos aumenta e não é incomum que o preço deles também seja elevado. O consumidor acha que está economizando, mas às vezes não está”, esclareceu. Nos estabelecimentos visitados pela reportagem, o preço do frango, peixe e porco não sofreram reajuste até o momento.