PF mira comandante da PM e deputado em operação contra a venda ilegal de armas

Ao menos dez agentes da PF trabalham na ação na residência do coronel, inclusive, com a interdição parcial da rua da casa dele

Policiais cumprem diligências na casa do Comandante Geral da PMRR (Foto: Lucas Luckezie/FolhaBV)
Policiais cumprem diligências na casa do Comandante Geral da PMRR (Foto: Lucas Luckezie/FolhaBV)

A Polícia Federal (PF) iniciou, na manhã desta quarta-feira (23), duas operações para investigar o comércio ilegal de armas de fogo e munições em Roraima. Dos 16 mandados de busca e apreensão, dois são cumpridos em endereços ligados ao comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Miramilton Goiano de Souza, e ao deputado estadual Rárison Barbosa (PMB), além de policiais penais e policial civil.

Ao menos dez agentes da PF trabalham na ação na residência do coronel, inclusive, com a interdição parcial da rua da casa no bairro Centenário, por razões de segurança. Há, no local, três viaturas caracterizadas.

A PF cumpre ação conjunta com a 1ª Promotoria e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público de Roraima (MPRR). Mais de 80 policiais realizaram 16 buscas e apreensões, em Boa Vista e na cidade de Fernandópolis (SP). As ordens foram expedidas pela Justiça de Roraima.

Durante as investigações, a PF identificou uma intensa negociação de munições e armamentos pelos suspeitos, em desacordo com as determinações legais e regulamentares.

Em nota, o MPRR informou que a operação é resultado de um desdobramento da Operação Alésia. Realizada em 2020, essa ação visava desarticular organização criminosa instalada na estrutura da Secretaria Estadual de Justiça e da Cidadania de Roraima (Sejuc), integrada majoritariamente por servidores do próprio órgão, investigados por crimes como organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico, peculato, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro.

Naquela oportunidade, 23 policiais penais e dois empresários foram presos por suposto envolvimento com os crimes. O MPRR informou que, após o fim das diligências da operação desta quarta-feira e a conclusão das investigações, irá ajuizar possíveis denúncias contra os investigados. O processo corre sob sigilo.

O que diz o Governo?

Procurado pela Folha, o Governo do Estado afirmou que abrirá um processo administrativo disciplinar contra todos os envolvidos e que não compactua com ações que firam os princípios éticos da Segurança Pública. Confira a nota abaixo.

O Governo do Estado de Roraima informa que, por determinação do Governador Antonio Denarium, abrirá processo administrativo disciplinar contra todos os envolvidos nas investigações, e permanece à disposição dos órgãos de fiscalização e controle para dar uma resposta à população roraimense.

O Governo de Roraima destaca ainda que não compactua com qualquer comportamento que fira os princípios éticos das forças de Segurança Pública ou quaisquer outros órgãos da esfera estadual.