PF prende três e apreende mais de R$ 60 mil em operação contra o garimpo na Terra Yanomami

Um dos financiadores da mineração ilegal mora em Rondônia, segundo investigação. PF deu detalhes sobre operação em entrevista coletiva

A PF realizou uma coletiva de imprensa para detalhar informações sobre a operação foram detalhadas (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
A PF realizou uma coletiva de imprensa para detalhar informações sobre a operação foram detalhadas (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta terça-feira (3), três pessoas durante a Operação Taureus Aureus, que visa combater o financiamento do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A corporação apreendeu mais de R$ 60 mil em espécie, quatro veículos, cinco armas e joias. Dos 15 mandados de busca e apreensão, 14 são para Roraima e um para Rondônia.

As informações sobre a operação foram detalhadas pela PF em entrevista coletiva. A ação ainda resultou no bloqueio de R$ 834 mil e na indisponibilidade de uma fazenda, cuja localização não foi divulgada, mas que tem acesso ao rio Mucajaí e era utilizada para prestar apoio à logística do garimpo ilegal.

O delegado Michel Saliba atuou como chefe da operação desta terça-feira, 3 (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Segundo o chefe da operação, delegado Michel Saliba, a investigação identificou diversos grupos do garimpo, como um coordenador de logística de apoio ao garimpo, financiadores de suprimentos, donos dos maquinários e pessoas que realizavam a compra e o transporte do ouro. Ele ressaltou que os alvos da operação são de perfis da sociedade variados, como servidores públicos e empresários de ramos diversos.

“Verificamos que existia um ciclo completo de garimpo nessa organização criminosa, desde o fornecimento de materiais para o funcionamento do garimpo à compra e venda do minério extraído. A operação recebeu esse nome em alusão ao touro dourado, pois identificamos que um dos investigados comprava gado com lucro obtido por meio do garimpo ilegal”, disse Saliba.

O delegado detalhou ainda que os mandados foram cumpridos em Boa Vista, no interior de Roraima e em Rondônia, onde morava um dos financiadores do garimpo ilegal. Saliba afirmou que, como a operação continua em andamento, ainda não foi possível realizar um levantamento total em relação à movimentação de dinheiro realizada pela organização investigada. Entretanto, destacou que os valores apurados, até o momento, são significativos, como a fazenda e uma máquina avaliada em R$ 400 mil.

“Diversos alvos já são conhecidos pela polícia, não só por garimpo ilegal. No caso da operação de hoje, em Boa Vista, 95% dos investigados já tinham passagem pela polícia, inclusive, por crime ambiental ou tentativa de homicídio e porte ilegal de arma”, complementou.

Operação Libertação

A Operação Taurus Aureus é um desdobramento da Operação Libertação, uma ação permanente iniciada em fevereiro de 2023 para a repressão ao garimpo ilegal, expulsão dos invasores do Território Indígena Yanomami e a descapitalização da atividade.

O delegado da PF, Caio Luchini, durante entrevista coletiva na corporação (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O delegado da PF, Caio Luchini, resumiu que, no âmbito da Libertação, 23 operações especiais foram realizadas nesse sentido, as quais resultaram em 159 mandados de busca e apreensão e 33 mandados de prisão preventiva.

“A PF atua em duas vertentes. Tem a operação ostensiva nas áreas de garimpo em funcionamento, para inutilizar a área, em que todo o maquinário apreendido é destruído e as pessoas envolvidas são autuadas em flagrante. Além disso, a PF tem atuado no eixo de Polícia Judiciária, conduzindo investigações que, muitas vezes, resultam no cumprimento de mandatos, sequestro de bens e de valores”, explicou.

Delegado Pedro Duarte, chefe da Delegacia de Meio Ambiente da PF (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O chefe da Delegacia de Meio Ambiente da PF, delegado Pedro Duarte, informou que a atividade garimpeira está enfraquecida, o que também influenciou na redução em 46% do desmatamento na Terra Yanomami, comparado a 2022, e uma queda de 50% em relação ao primeiro semestre de 2023.

“Nós temos identificado uma redução de 92% dos indicativos de alertas de garimpo neste ano, em comparação a 2022. Em relação ao ano de 2023, houve uma redução de 78% em 2023. São valores significativos e contribuem para o combate dessas atividades […]. Devido a essa redução, estamos tendo até dificuldade de identificar atividades de garimpo nessa área para realizar ataques. Isso contribui muito para a defesa do meio ambiente”, detalhou.

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