Perdido por 12 dias na Terra Indígena Yanomami após a aeronave que pilotava cair na floresta, o piloto paranaense Otávio Augusto Munhoz da Silva desembarcou neste sábado (15), no aeroporto de Londrina (PR), e foi recebido por familiares. Em entrevista à RIC TV, afiliada da RecordTV no Paraná, ele detalhou como sobreviveu ao acidente e as adversidades na mata enquanto não era resgatado.
“O motor superaqueceu e logo parou. Foi muito rápido. Tentei pousar em um rio, mas não deu tempo. Então, consegui levar o avião até a copa de uma árvore mais alta, que se destacava na paisagem da floresta. O avião ficou enroscado lá em cima, meio tombado, e quando eu tirei o cinto e abri a porta, eu despenquei lá de cima. Acho que quebrei uma costela, que dói até hoje”, disse ele, que também relatou que as pernas ficaram inflamadas e infeccionadas.
“Fiquei totalmente desorientado. Quando estava recobrando a consciência, senti combustível caindo em cima de mim e vi o avião começando a pegar fogo. A queda, a dor e toda essa situação do combustível acho que me fizeram sair de perto da aeronave. Porque um piloto sabe que a chance maior de ser encontrado é ficando perto da aeronave. A floresta é muito densa”, relatou à emissora.
Otávio Augusto lembrou como buscou ser notado, apesar da fraqueza. “Eu fiquei o tempo todo procurando um rio maior, onde eu pudesse entrar e descer com ele. Quando eu já estava quase sem forças, eu encontrei esse rio. Fiquei quase seis horas nele, quando ele desaguou num rio ainda maior, onde passam embarcações. Ali, rapidamente fui visto por um barco, que me resgatou”, disse.
Para o piloto, a noite era o pior momento na mata. “Era muito difícil dormir. Muito frio, medo de hipotermia… O corpo tremia para tentar manter a temperatura. No último dia, senti que não tinha mais energia nem para tremer e manter minha temperatura. Achei que iria morrer de hipotermia. Tudo o que eu pensava era ter uma segunda chance para ver minha família de novo”, lembrou.