PM persegue suspeitos de crimes e dois morrem em confronto

Mais dois jovens morrem em Roraima por suspeita de envolvimento com o crime organizado. Dessa vez, as vítimas foram E.D. de S., de 16 anos, e Matheus Melo Coelho Oliveira, de 21 anos. O fato ocorreu por volta das 21h de quinta-feira, dia 18, na Vila Nova Colina, a 45 quilômetros da sede do município de Rorainópolis, região sul do Estado.

Segundo a PM, depois de descobrir que os dois suspeitos estavam transitando pela localidade, em uma motocicleta que foi roubada no dia 13, também ficou sabendo que a dupla estava armada e, por isso, iniciou uma ação para localizá-los e identificá-los. Em determinado momento, os policiais que faziam o motopatrulhamento viram os dois jovens e iniciaram um acompanhamento, mas o veículo da guarnição derrapou e os dois conseguiram fugir.

Nessa tentativa de aproximar, a equipe policial disse que o garupa atirou algumas vezes. Outra guarnição compareceu para prestar apoio e se deparou com a dupla na rua que passa por trás do Colégio Estadual Militarizado Tenente João de Azevedo Cruz. No relato da PM, eles tentaram fugir, mas acabaram se desequilibrando e saltaram do veículo já efetuando os disparos contra as guarnições.

Os policiais disseram que repeliram a agressão também efetuando alguns disparos, momento em que o adolescente teria sido alvejado. O comparsa conseguiu correr para um matagal e não obedeceu às ordens de parada e também teve a ação repelida, sendo também alvejado.

A PM destacou que no mesmo instante levou os dois feridos ao Hospital Regional de Rorainópolis, mas eles não resistiram aos ferimentos e morreram. O óbito foi confirmado pelo médico de plantão da Unidade de Saúde. Os policiais informaram que o menor estava em posse de um revólver da marca Rossi, calibre 22, com sete munições, sendo cinco delas deflagradas, além de um aparelho celular e um cordão prata com crucifixo. Matheus, segundo a Polícia, estava armado com uma pistola da marca Brownig calibre ponto 380, com quatro munições intactas, 7,5g de maconha e a quantia de R$ 40,00.

Todo o material que estava em posse dos suspeitos foi entregue na Delegacia de Rorainópolis juntamente com dois Autos de Resistência à Prisão e o Relatório de Ocorrência Policial (ROP) para que a autoridade policial tome conhecimento dos fatos e inicie o procedimento de investigação.

A equipe que atuou na ocorrência se colocou à disposição para esclarecer qualquer dúvida a respeito dos fatos. Os dois corpos foram removidos para Boa Vista, a fim de serem submetidos ao exame cadavérico. Somente o corpo do adolescente foi liberado para sepultamento. O Instituto de Medicina Legal (IML) aguarda a entrega da documentação de Matheus para liberar o corpo. (J.B)

Família pretende apurar os fatos diante da versão contada por testemunhas

Na manhã de ontem, dia 19, a reportagem da Folha esteve na sede do Instituto de Medicina Legal (IML) e encontrou os familiares de E.D. de S. Na ocasião, os parentes destacaram que algumas testemunhas deram informações que precisam ser esclarecidas pela Polícia Civil por meio de investigação.

Conforme o tio, o menor estava envolvido com o crime organizado e, de fato, pesavam contra ele algumas ocorrências que aconteceram na região, inclusive teria sido o autor dos disparos que mataram Tarlison Soares Silva, de 28 anos, crime ocorrido no dia 8 deste mês, na Praça da Vila Nova Colina, e desde então estava na condição de foragido.

A família disse que propôs ao adolescente que ele se entregasse à Polícia após o crime e que daria apoio para levá-lo até a Delegacia juntamente com um advogado, mas o rapaz se recusou, afirmando que temia morrer. O adolescente tinha passagem pelo Centro Socioeducativo (CSE) Homero Souza Cruz Filho, que fica na zona rural de Boa Vista.

O pai contou que, depois de sair do CSE, o jovem foi para a igreja, fazia as aulas de Jiu-Jitsu, chegou a morar em Manaus, mas de repente regressou ao crime organizado e se afastou dos familiares. O pai também disse que sofreu um atentado quando um elemento tentou entrar em sua residência para executar o filho, mas o menor não estava em casa. O homem disse que tentou fechar a porta, mas acabou sendo atingido na barriga com um tiro de raspão.

E.D. de S. também dizia à família que ficaria longe para que eles não fossem ameaçados ou sofressem qualquer represália da facção rival. O pai e o tio destacaram que tentaram ajudar de todas as formas, aconselharam, mas não entendem como o rapaz mudou tanto em pouco tempo, relatando que ele teria sofrido uma espécie de “lavagem cerebral” pelo crime organizado.

Por fim, contaram que as testemunhas que vivem em Nova Colina viram o menor algemado, sem arma e sendo colocado na viatura ainda caminhando, apesar de ter levado um tiro no quadril. Diante das informações, afirmou que não faz sentido ele ter chegado morto ao hospital, por isso pede que o caso seja apurado para saber se todas as informações relatadas pela Polícia Militar são consistentes.

Depois de ser liberado, o corpo do adolescente foi levado para Rorainópolis, onde será sepultado. Ele levou quatro tiros, sendo na barriga, quadril, peito e último no braço. (J.B)