Em uma reviravolta surpreendente, as Polícias Civil, Militar e Federal uniram-se para finalmente esclarecer o homicídio de Antônio Coelho de Brito, conhecido como Simbaíba, de 69 anos, crime ocorrido no domingo, dia 16, na oficina da vítima, que fica no bairro Pricumã. Após prender em flagrante dois venezuelanos que eram suspeitos do crime, desta vez foi preso o amazonense Eriton Leitão Brandão, 26 anos, que confessou o assassinato e deu suas justificativas. A prisão aconteceu no fim da tarde da terça-feira, 18, e o flagrante foi lavrado durante a noite.
A delegada Eliane Gonçalves ficou à frente das investigações e foi quem detalhou o caso para a imprensa, numa coletiva realizada no fim da manhã de quarta-feira, dia 19. “Os trabalhos iniciaram no domingo, por volta das 10h, após as polícias receberem a comunicação de que havia acontecido o homicídio de um senhor dentro da oficina de sua propriedade. Todos sabem que no domingo os comércios das imediações do fato, assim como as instituições públicas por perto, ficam fechadas por ser um dia de descanso. Por causa disso, tivemos acesso à parte das imagens. Posteriormente tivemos novas imagens, de outras câmeras de segurança, quando demos a continuidade nas investigações”, explicou a delegada.
No mesmo domingo em que a vítima foi morta, dois venezuelanos foram flagranteados, sendo um deles adolescente. A delegada contou que foram presos porque nas imagens das câmeras de segurança os dois suspeitos aparecem chegando poucos minutos após a vítima em frente à oficina e depois há um ponto cego. Como foram os únicos que apareceram na cena do crime, foram preventivamente presos até que as investigações prosseguissem.
“De segunda para terça-feira conseguimos novas imagens. Há uma dificuldade porque determinadas empresas não autorizam ou às vezes o proprietário não está, mas queremos agradecer a colaboração de alguns empresários e dos órgãos públicos, que foi de suma importância. Vemos que nos últimos tempos aumentou a colaboração da sociedade com a polícia, visando o esclarecimento dos crimes, e isso é muito importante”, acrescentou Eliane. (J.B)
Acesso a novas imagens determinou a autoria do crime
Com as novas imagens, os investigadores descobriram que poucos minutos antes dos dois venezuelanos chegarem ao local do fato, passou um rapaz correndo e entrou na oficina, onde permaneceu por horas. A saída dele só aconteceu quase 10h da manhã daquele domingo. “Ele chega 5h55 e só sai às 10h. Então começaram as buscas. Quando ele sai [da oficina], descobrimos que ele anda muito porque é de fora [não conhecia a cidade]. Ele é de Manaus, está na cidade somente há 15 dias e veio trabalhar como pintor de residências para uma empresa”, reforçou a delegada.
O autor do crime relatou para a Polícia que havia saído para beber numa distribuidora de bebidas no sábado, 15, e nessa distribuidora encontrou os dois venezuelanos que foram presos como suspeitos. Os estrangeiros pediram cigarro, bebida e testemunhas confirmaram que, de fato, os dois imigrantes estavam no local. Por volta da meia noite o gerente da empresa pela qual o homicida foi contratado decide ir embora, mas o rapaz continua com os dois venezuelanos.
Ainda segundo a apuração da Polícia, no fim da madrugada os dois migrantes teriam chamado o autor do crime para ir embora e o levaram para um caminho que não era de casa. Depois de alguns metros o brasileiro teria sido espancado e roubado. “Esses dois venezuelanos são autores do roubo do aparelho celular de Eriton, por isso ele passa correndo e se esconde na oficina de seu Antônio. Os venezuelanos passam atrás e somem”, ressaltou a delegada. (J.B)
Criminoso detalhou o que ocorreu antes e depois do homicídio
Eriton Leitão Brandão disse que entrou na oficina para se esconder de dois venezuelanos (Foto: Divulgação)
A autoridade policial ainda enfatizou que Eriton confessou o crime e detalhou que entrou na oficina da vítima para se esconder dos dois venezuelanos, dormiu e poucos minutos depois seu Antônio chegou e o encontrou no local. O autor do homicídio disse aos policiais que possivelmente foi confundido e já acordou com o empresário batendo nele com um pedaço de pau, achando que seria venezuelano.
“Os familiares do seu Antônio contaram que ele já estava cansado de recolher fezes e ser vítima de furtos praticados por venezuelanos, então agride [o homicida], mas o jovem reage e os dois entram em luta corporal, só que por ser jovem e ter mais força física, acaba matando seu Antônio. Ele disse que ficou muito tempo na oficina porque tentava ligar um caminhão [da vítima] para ir embora porque estava com medo de sair e ser agredido novamente”, complementou Eliane Gonçalves.
Após o crime, Eriton revelou que saiu caminhando, foi em direção ao viaduto, mas percebeu que aquele não é o caminho de casa e retornou, fazendo um percurso por diversos caminhos. Na terça-feira, depois de muitas buscas, os policiais chegaram ao endereço onde o autor do crime havia se escondido. No domingo, ele chega à casa do gerente da empresa, não conta que matou o idoso e só relata que foi roubado pelos venezuelanos, por isso estava sujo de graxa e de sangue.
Na casa do patrão, o jovem tomou banho, tirou a roupa que estava inservível, jogou no lixo, mas até a tarde da terça, 18, o caminhão do lixo não fez a coleta e a roupa foi encontrada pelos investigadores, sendo recolhida como prova. Eriton foi preso na empresa onde trabalhava. O gerente colaborou. “Ele confessa, fala que realmente matou o seu Antônio, que não tinha intenção, nunca tinha visto e foi para a oficina para se esconder, então foi uma infelicidade e uma somatória de fatores que resultou nessa situação [morte]”, finalizou a delegada.
Eriton Leitão foi encaminhado para audiência de custódia, na manhã dessa quarta-feira, dia 19, e a Justiça decidiu converter a prisão em preventiva. O jovem foi recolhido ao Sistema Prisional. (J.B)