No começo da manhã de ontem, 27, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tori, com o objetivo de combater as atividades de garimpo ilegal nas terras indígenas Yanomami e em reservas ambientais em Roraima.
A operação foi nomeada com a palavra indígena que significa “carrapato”, em alusão à forma como os garimpeiros se fixam na terra indígena e sugam suas riquezas.
Durante a operação foram cumpridos 77 mandados em diversos municípios do estado, por 200 policiais federais. Foram 17 mandados de prisão preventiva, 12 prisões temporárias e 48 mandados de busca e apreensão.
Duas pistas clandestinas de pouso também foram destruídas, assim como a suspensão da atividade econômica de três estabelecimentos comerciais, suspensão da licença de voo de pilotos. A Justiça ainda deferiu a apreensão de 18 aeronaves.
Em um ano de investigações, a Polícia Federal identificou os responsáveis pelo envio de suprimento e do transporte de garimpeiros para as regiões. O inquérito policial apontou que o ouro era extraído ilegalmente e que parte seria comprada por empresas dentro do estado, outra parte seria enviada para outros lugares do país.
Segundo a PF, o contato dos garimpeiros com os fornecedores acontecia por meio de centrais clandestinas de rádio, que repassavam as demandas diretamente dos garimpos e repassavam para os grupos encarregados pela compra dos produtos.
“Após serem adquiridas, as mercadorias eram levadas para pistas clandestinas em áreas rurais, onde eram carregadas em aeronaves que abasteciam os garimpos e retornavam com o ouro extraído de terras indígenas e de reservas ambientais para empresários do estado”, relatou a Polícia Federal.
Exército dará suporte logístico durante operação
Com o apoio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Exército Brasileiro, a Operação Tori teve os mandados expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima, após Representação da Autoridade Policial. Os alvos dos mandados foram, principalmente, proprietários de maquinário, aviões e receptadores de ouro envolvidos com a logística do garimpo ilegal.
A região Yanomami, na margem no Rio Uraricoera, está em meio a diversos conflitos por conta do garimpo ilegal. Desde o começo do ano, tanto polícias e o Exército já realizaram a apreensão de contrabando de gasolina e outros tipos de operações que envolvem a atividade. Na Operação Tori, o Exército, através da 1ª Brigada de Infantaria de Selva (1ª BdaInfSl), continuará dando suporte com a interdição das pistas de pouso e na segurança.
Trabalham em conjunto com a Polícia Federal o 7º Batalhão de Infantaria de Selva (7º BIS), o 1º Batalhão Logístico de Selva (1º B Log) e o 6º Batalhão de Engenharia de Construção (6º BEC). As interdições nas pistas ocorreram na região do Alto Alegre.
“O 7º BIS está atuando com a tropa, fazendo a segurança. O 1º B Log está com viaturas pesadas que vão servir para transporte e reboque de pranchas e o 6º BEC com maquinário que está fazendo a intervenção na pista”, informou a assessoria de imprensa da 1ª Brigada. O Exército pretende, ainda, lançar até a semana que vem todos os quantitativos apurados durante as operações na região nesse primeiro semestre. (A.P.L)