OPERAÇÃO

Policiais militares são investigados por suspeita de simular confrontos para executar pessoas

Operação conjunta da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e da Polícia Civil, deflagrada nesta quarta-feira (17), aponta que policiais militares sob suspeita invadiam residências sem autorização judicial e, em alguns casos, sem motivo de ocorrência

Sede da Cidade da Polícia, no bairro Canarinho (Foto: Arquivo Folha BV)
Sede da Cidade da Polícia, no bairro Canarinho (Foto: Arquivo Folha BV)

Três policiais militares estão sob investigação por suspeita de estarem envolvidos em mortes simuladas durante confrontos policiais em Boa Vista. Uma operação conjunta da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e da Polícia Civil, deflagrada nesta quarta-feira (17), resultou na prisão de dois dos suspeitos: o sargento A.C.S.M e o soldado L.A.R.A.

As primeiras informações sobre a operação foram reveladas pelo portal G1 Roraima. A Polícia Civil ainda não se manifestou sobre as diligências.

O terceiro suspeito, soldado A. G. S, também teve um mandado de prisão temporária emitido pela 1ª Vara do Tribunal do Júri e da Justiça Militar. A Operação Janus cumpre também três mandados de busca e apreensão nas residências dos suspeitos. De acordo com as investigações da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e da Polícia Civil, os policiais militares sob suspeita invadiam residências sem autorização judicial e, em alguns casos, sem motivo de ocorrência.

Após os supostos confrontos, os suspeitos levavam as vítimas para o hospital e retiravam evidências dos locais do crime sob a alegação de prestação de socorro. No entanto, as investigações sugerem que os corpos eram manuseados e, em todos os casos, as vítimas chegavam ao hospital já sem sinais vitais. Há suspeitas de que os policiais também tenham adulterado os locais dos crimes para dificultar a perícia.

Um dos casos sob investigação ocorreu em dezembro de 2023, no bairro São Bento, em Boa Vista, onde os três policiais alegaram um confronto armado com Pedro Henrique de Moura, que acabou sendo baleado e morto.

Pedro Henrique Reis de Moura, de 18 anos, foi morto no dia 14 de dezembro de 2023

Em nota à Folha BV, a defesa dos soldados afirmou que provará a inocência dos policiais durante as investigações. “Com menções respeitosas, informamos que a investigação não se sustenta em prova material alguma. Não se pode imputar a heróis de farda, que carregam o ônus da segurança pública, arriscando suas vidas diariamente em confrontos armados contra o crime organizado, deduções ausentes de evidências plausíveis”, afirmou.

Também à Folha BV, a Polícia Militar de Roraima (PMRR) afirmou que, está buscando junto às autoridades da Segurança Pública Estadual e Justiça, informações mais precisas sobre os autos do inquérito que culminou na prisão dos policiais militares, a fim de se posicionar mais especificamente sobre o caso.

“A Corregedoria da corporação militar está acompanhando o caso e todas as medidas administrativas serão adotadas caso seja comprovada a veracidade dos fatos; os envolvidos serão responsabilizados com o devido rigor, respeitando-se o amplo direito de defesa e o contraditório”. afirma a PMRR em nota

A corporação afirmou ainda que “repudia veementemente todo e qualquer ato criminoso, bem como condutas ilícitas que transgridam os preceitos da ordem, disciplina e moral que caracterizam a profissão de policial militar”.