Polícia

Policial militar mata homem na frente da família

Wellington teria pedido para não ser morto na presença da família, mas seu pedido não foi atendido e a mulher e os filhos viram ele ser executado

A noite da sexta-feira, dia 31 de maio, começou com um caso de homicídio no bairro Senador Hélio Campos, ocasião em que Wellington Santos da Câmara foi morto com dois tiros dentro da própria casa, diante dos filhos e da esposa. O autor do crime foi um soldado da polícia militar e o homicídio teria sido motivado por causa de uma dívida que a vítima não pagou.

As informações que a Folha obteve dão conta de que o policial cobrava da vítima uma quantia aproximada de R$ 1.500,00 por conta de alguns perfumes que teria vendido a Wellington. Depois de cobrar insistentemente, passou a fazer ameaças de morte e, na noite da sexta-feira, decidiu dar um fim à demora em receber o pagamento.

Conforme um policial civil que acompanhou o caso, o soldado foi até a  casa da vítima antes de executá-la e não conseguiu pegar o dinheiro. Insatisfeito, ele ligou para a Polícia Militar e pediu reforço de uma viatura. Ao ver o veículo da corporação se aproximando, arrombou o portão da casa da vítima com seu veículo e desceu com arma em punho.

O militar rendeu a vítima mandando-a ajoelhar-se e diante dos filhos e da esposa de Wellington efetuou dois disparos que acertaram o peito e as costas. Conforme a família relatou à Polícia Civil, a todo instante Wellington pediu para não ser morto na presença da família, mas seu pedido não foi atendido. A família da vítima presenciou sua morte.

Depois de atirar em Wellington, que agonizava no chão, o soldado efetuou vários disparos, que segundo o policial civil, foi uma tentativa de forjar que houve troca de tiros e reação por parte da vítima. Quando a guarnição chegou ao local, o soldado ainda estava na casa e se apresentou, contou sua versão, mas foi conduzido à Delegacia para prestar esclarecimentos à autoridade policial.

Enquanto a vítima foi socorrida, colocada na carroceria da viatura da PM e levada para o Hospital Geral de Roraima (HGR), onde deu entrada no Pronto Socorro. A médica que fez o primeiro atendimento a Wellington destacou que ele chegou ao trauma já morto, considerando que não tinha pulso e todos os sinais de óbito eram evidentes. 

O corpo foi levado para a sede do Instituto de Medicina Legal (IML) às 4h da madrugada do sábado, dia 1ª de junho e, na manhã daquele mesmo dia, foi submetido ao exame de necropsia. Os familiares fizeram a liberação do corpo ainda na manhã do sábado para realização do funeral e sepultamento. 

Ao analisar os fatos, após ouvir as partes envolvidas na ocorrência, incluindo o soldado, a autoridade policial que estava de plantão na Central de Flagrantes do 5° DP lavrou o Auto de Prisão em Flagrante contra ele em virtude da contundência das provas que geraram materialidade para o crime. No sábado, ele foi levado ao IML para fazer exame de corpo de delito. Um funcionário do Instituto disse que o soldado narrou que não sabia porque estava naquele lugar para fazer exame.

CUMPRIMENTO DA LEI – Em nota, a Polícia Militar de Roraima (PMRR) informou que uma guarnição da PM efetuou a prisão na sexta-feira, 31, e conduziu o soldado para a Delegacia de Polícia Civil para adoção das medidas cabíveis.

No sábado, 1º, ele foi levado para audiência de custódia e teve a prisão preventiva decretada. Após isso, foi conduzido para o CPC (Comando de Policiamento da Capital), onde se encontra à disposição da Justiça.

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Elias Santana, destacou que todas as providências relativas à Polícia Militar foram adotadas. “É um crime de natureza civil, comum. Ele não estava no exercício da função”, ressaltou. (J.B)