O prefeito de Alto Alegre, Pedro Henrique Machado (PSD), é um dos alvos da Operação Leviatã, da Polícia Federal, que investiga suposta organização criminosa voltada à prática de fraudes a licitações, pagamentos de propinas e lavagem de dinheiro. O processo corre em sigilo.
Catorze mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo juiz federal Marllon Sousa, sendo 12 para Boa Vista e dois para Alto Alegre. Um deles foi cumprido na casa do político, no bairro Caçari, zona Leste da capital de Roraima.
Conforme a decisão judicial, policiais foram autorizados a recolher documentos e objetos relacionados às investigações, além de computadores, discos rígidos, dispositivos e mídias de armazenamento eletrônico de dados, incluindo celulares e valores em espécie acima de R$ 10 mil.
Os agentes também foram autorizados a realizar revista pessoal e busca em veículos, além de arrombar cofres que eventualmente encontrassem durante a ação, apenas em caso de desobediência e resistência. O magistrado ainda proibiu o investigado de acessar dados contidos em mídias digitais e documentos.
A Folha tentou contato com o político, mas sem sucesso.
A investigação
As investigações iniciaram com a análise de materiais apreendidos em outra operação da PF, na qual a corporação encontrou diálogos entre um empresário e um político sobre a contratação de uma empresa para serviços de engenharia para a Prefeitura de Alto Alegre.
Há indícios de que a organização criminosa tentaria obter propinas em troca do direcionamento de procedimentos licitatórios. São investigados processos de contratação de serviços relacionados à iluminação pública e a obras de asfaltamento e pavimentação.
Para dissimular os pagamentos das propinas, o grupo investigado envolveria empresas intermediárias, as quais, por meio da simulação de venda de mercadorias, mediante emissão de notas fiscais “frias” e utilização de contas de “laranjas”, faria o dinheiro chegar até o político investigado, sem que a origem do montante fosse identificada.
As investigações apontam que outros indivíduos teriam sido cooptados para a organização, que passaria a contar com a integração de empresários, servidores públicos, empresas e “empresas de fachada”.
O nome da operação faz referência à obra de Thomas Hobbes, em que é idealizada a figura do Soberano, o qual teria poderes absolutos, acima das leis e sem limites para suas ações, desde que agisse no cumprimento de sua parte no contrato: garantir a vida, a prosperidade e a paz.